Causas da tragédia do RJ – abr 2010, jan 2011, fev. 2022 e desastres anunciados

Chuvas na Região Serrana do RJ (veja nos textos abaixo que a catástrofe se repete, infelizmente, potencializada)

As chuvas acontecidas na região Serrana do Rio de Janeiro em janeiro de 2011 foi a maior catástrofe “natural” acontecida no Brasil, mas temos na mesma região calamidades anunciadas, mas que não são sanadas pelo poder público, o único que pode e deve tomar as devidas providências mas não toma e, muitas vezes, tem a “cara de pau” de por a culpa no clima.

Os desmoronamentos e a enxurrada decorrem de chuvas que, nessa época do ano (entre o mês e meio do final do verão e início do outono) aumentam de volume de forma significativa para a região (a ponto de chover em horas e/ou em um ou dois dias o que deveria chover em todo o mês), devido à umidade da Massa Tropical Atlântica – mTa vinda do oceano associada à umidade trazida da região amazônica pela Massa Equatorial Continental mEc (entenda a atuação das massas de ar no Brasil aqui). Toda essa precipitação causa uma grande tragédia devido ao somatório do volume de água precipitada da chuva com a ocupação urbana em encostas (e vales) sujeitos a grandes deslizamentos. Veja abaixo reportagem de época do RJTV de 24 de jan de 2011 ao mostrar o antes e depois da tragédia na geografia da região, mas também anexamos reportagem do G1 acerca da tragédia de fevereiro de 2022 em Petrópolis/RJ aqui.

Chuva no RJ entre o verão e o outono.

Geralmente, a forte massa de ar polar (massa Polar Atlântica – mPa) entra no Brasil e derruba a temperatura no Sudeste (veja figura que segue). Associado à evaporação oceânica que é normal nessa época de final do verão e início do outono, o oceano estando 2ºC acima da temperatura normal e somada à umidade trazida pela Massa Equatorial Continental (mEc – quente e úmida), que se forma no Norte do  Brasil, o resultado é chuva torrencial sobre o Estado do Rio de Janeiro que, em 2010, só para dar um exemplo da maior catástrofe de desmoronamentos já acontecida no RJ, durou aproximadamente 72 horas, sendo 14 dessas horas de chuva torrencial e ininterrupta (veja também vídeo que segue).

Imagem de satélite do Climatempo mostrando a penetração da frente fria no Sudeste.

A quantidade de chuva, segundo a Prefeitura do Rio de Janeiro, foi um dos maiores que já atingiu a cidade, com 288 milímetros de chuva em menos de 24 horas. As enchentes causaram mais de duzentas mortes em todo o Estado na semana de 5 a 11 de abril de 2010.

Vídeo em que o meteorologista do Tempo Agora, Willians Bini, fala sobre as fortes chuvas no Rio de Janeiro. Produção Somar Vídeo.

O município mais atingido pela tragédia foi Niterói com desabamentos no centro da cidade. O desabamento explicado na figura abaixo ocorreu por volta das 21h do dia 08/04/2010 em uma favela no Morro do Bumba, deixando aproximadamente 50 casas soterradas.

Até a manhã do dia 09/04/2010, a Secretaria de Saúde do Estado do Rio confirmou a morte de seis pessoas, incluindo uma menina. Outras 18 foram levadas ainda com vida a hospitais próximos por bombeiros.

Segundo o subsecretário da Defesa Civil, Pedro Machado, a favela do Morro do Bumba foi construída em cima de uma montanha de lixo que se acumulou por décadas, o que faz com que todo o terreno seja extremamente perigoso (BBC Brasil).

Clique na figura abaixo para uma melhor visualização

Fonte das duas figuras: Revista Veja, edição 2160 – 14 de abril de 2010. Colaboração do prof. Heliton Leal.

Moradores de oito comunidades em áreas de risco serão removidos imediatamente, anunciou o prefeito Eduardo Paes (PMDB). No total, cerca de 3.600 famílias serão retiradas de suas casas através de indenização.

Veja abaixo fotos da Praça da Bandeira no Rio de Janeiro em 1940 e note que esse problema é muito antigo.

Fonte das fotos antigas: Blog da mirianleitao.com

O tempo instável que predominou sobre Santa Catarina no fim de semana de 24 e 25 de abril deve continuar, pelo menos, até terça feira. A Central de Meteorologia da RBS prevê a chegada de um ciclone extratropical nesta segunda, no Estado. O ciclone, que estava no Rio Grande do Sul, deverá trazer forte chuva e ventos a todas as regiões de Santa Catarina. Em 2009, Santa Catarina enfrentou sérios problemas por causa do volume de chuvas.

14 thoughts on “Causas da tragédia do RJ – abr 2010, jan 2011, fev. 2022 e desastres anunciados”

  1. como sempre tudo muito completo 😀

    mas eu só queria saber uma coisa: como era o relevo dessa região antes da ocupação antrópica, e se isso teria alguma relação – não com as chuvas – mas sim com a acumulação da água dessas chuvas nessa região

    1. Obrigado Isadora!
      A resposta para sua pergunta é sim. A ocupação urbana diminui o escoamento superficial e isso aumenta a probabilidade de desmoronamentos, pois acumula mais água, que não tendo para onde ir causa alagamentos, e a depender da quantidade de chuva, catástrofes.

    1. Muito obrigado Kelly! Um elogio já é bem vindo, e partido de uma colega de trabalho nos deixa mais orgulhoso ainda do que fazemos.
      A ideia é dar suporte às aulas abarcando os assuntos de uma forma bem simples e atualizando o livro didático.
      Volta sempre que precisar e sugestões são bem vindas!

  2. Hum… O Heliton conseguiu chegar primeiro. Que bom! Já estava com esta reportagem para te entregar. Mais um material bacana para nossos alunos e veio bem a tempo com o conteúdo da 2ª sério. Valeu amigos! Esta cadeira está demais!!!

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