Fontes de Energia


A revolução industrial acontecida em meados do século XVIII, caracterizou-se pela produção industrial em grande escala voltada para o mercado mundial, com uso intensivo de máquinas. A Inglaterra foi o primeiro país a realizá-la. A economia inglesa começou a crescer em 1780, e, em 1840, a indústria já estava mecanizada, somada a uma rede nacional de estradas de ferro, começou a construir ferrovias em outros países, exportou locomotivas, vagões, navios e máquinas industriais. A invenção de máquinas e mecanismos como a lançadeira móvel, a produção de ferro com carvão de coque, a máquina a vapor, a fiandeira mecânica e o tear mecânico causaram uma revolução produtiva. Com a aplicação da força motriz às máquinas fabris, a mecanização se difundiu na indústria têxtil e na mineração. As fábricas passaram a produzir em série e surgiu a indústria pesada (aço e máquinas). A invenção dos navios e locomotivas a vapor acelerou a circulação das mercadorias e modificou a forma e o uso da energia no transcorrer da história (parágrafo adaptado do site http://historiadomundo.com.br).

No Brasil, a urbanização, a população crescentes e principalmente a mecanização agrícola e a industrialização impressa a partir da década de 1950, alteraram o consumo de energia no Brasil. Até a década de 1940, 80% da energia usada no Brasil era à base da queima de carvão vegetal (lenha). Com a entrada do meio técnico científico na produção houve a necessidade de uma maior diversificação no uso da energia.

Os recursos priorizados depois foram o carvão mineral e a hidreletricidade (a partir da década de 1940), o petróleo (anos 1950), grandes hidrelétricas e energia nuclear (1960 e 1970), álcool (anos 1970 e 1980) e gás natural (anos 1990). Hoje, no Brasil, as principais energias utilizadas são: Petróleo, hidrelétrica, carvão mineral e biocombustíveis.

Petróleo: a partir desse minério fóssil são processados vários subprodutos utilizados como fonte de energia como a gasolina, óleo diesel, querosene, além de gerar eletricidade nas usinas termoelétricas.

Em agosto de 1859 o americano Edwin Laurentine Drake, perfurou o primeiro poço (21m) para a procura do petróleo, na Pensilvânia. O poço revelou-se produtor e a data passou a ser considerada a do nascimento da moderna indústria petrolífera. A produção de óleo cru nos Estados Unidos, de dois mil barris em 1859, aumentou para aproximadamente três milhões em 1863, e para dez milhões de barris em 1874.

A primeira guerra mundial pôs em evidência a importância estratégica do petróleo. Pela primeira vez foi usado o submarino com motor diesel, e o avião surgiu como nova arma. A transformação do petróleo em material de guerra e o uso generalizado de seus derivados – era a época em que a indústria automobilística começava a ganhar corpo – fizeram com que o controle do suprimento se tornasse questão de interesse nacional. O governo americano passou a incentivar empresas do país a operarem no exterior.

No Brasil, a primeira sondagem foi realizada em São Paulo, entre 1892-1896, por Eugênio Ferreira de Camargo, quando ele fez a primeira perfuração na profundidade de 488 metros; contudo, o poço jorrou somente água sulfurosa. O primeiro poço do Brasil foi descoberto no Lobato (periferia de Salvador) em 1939.

Os países que possuem maior número de poços de petróleo estão localizados no Oriente Médio, e, por sua vez, são os maiores exportadores mundiais. Os Estados Unidos da América, Rússia, Irã, Arábia Saudita, Venezuela, Kuwait, Líbia, Iraque, Nigéria e Canadá, são considerados dos maiores produtores mundiais.

As crises do petróleo (1973 e 1979) fizeram o Brasil investir em novos projetos (Pro-álcool, Pro-carvão, contratos petrolíferos de risco e construção de grandes hidrelétricas).

O Brasil atingiu, em 2006, a auto-­suficiência em petróleo, com a produção de 1,8 milhão de barris por dia. Essa noticia significa, de forma simples, que o Brasil produz todo o petróleo de que precisa. Na prática, é um pouco mais complicado, pois o país continua a importar petróleo – ao mesmo tempo em que exporta. Isso ocorre porque parte do que é extraído aqui não é do tipo mais adequado às nossas refinarias. Assim, é preferível comprar fora o que mais nos convém e vender nosso petróleo para refino em outros países. Numa definição mais precisa, a auto-suficiência significa que os ganhos com a exportação de petróleo hoje são maiores do que os gastos com a importação.

Perfil do Pré-Sal. Clique na imagem para ir a histórico dessa camada de petróleo.

Em 2007, a Petrobras revelou a megajazida de Tupi, mostrada na figura anterior, localizada em rochas permeáveis abaixo de uma camada de sal (camada pré-sal) de até 2 km de espessura, sob o leito do oceano Atlântico, numa profundidade de até 7 mil metros.

Energia hidrelétrica: produz energia elétrica em usinas hidrelétricas, gerada a partir da movimentação de turbinas impulsionadas por água de rios acumulados em barragens.

No Brasil, aproximadamente 80% de toda a energia elétrica é gerada por hidrelétricas, sendo ITAIPU no rio Paraná (Binacional Brasil X Paraguai com capacidade de 12,600MW), Tucuruí no rio Tocantins (capacidade 4,245MW), Ilha Solteira no rio Paraná (capacidade de 3.400 MW) e Xingó no rio São Francisco (capacidade de 3.000MW).

Mapa de usinas hidrelétricas no Brasil. Concentração nas regiões Sudeste e Sul devido à distribuição desigual do desenvolvimento. Fonte: http://www.aneel.gov.br

A grande discussão hidrelétrica do país, em 2010, foi a volta da construção de Belo Monte (uma usina que seria construída em 1975 no rio Xingú), maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo Lula (capacidade de 11.200MW e custo inicial de R$ 19 bilhões). Em abril de 2010, para o Portal Exame, o presidente Lula destacou que o potencial hídrico do país gira em torno de 260 mil megawatts (aproveita-se aprox. 30% desse potencial) e que seria “insano” substituir tal produção por termelétricas a óleo diesel, por exemplo. Informou ainda que a área ocupada pela usina será 60% menor do que inicialmente previsto e 16 mil pessoas devem ser deslocadas da região. “Obviamente que sempre vai ter aqueles que não querem que a gente faça para poderem encontrar um culpado”, disse o presidente, ao se referir ao que chamou de “indústria do apagão” (referiu-se ao apagão acontecido em 2001, no qual o Brasil foi obrigado a racionar energia e buscar alternativas como a construção de outras usinas hidrelétricas).

Os movimentos sociais e as lideranças indígenas da região são contrários à obra de Belo Monte, porque consideram que os impactos socioambientais não estão suficientemente dimensionados. Exemplo infeliz como as construções das usinas hidrelétricas de Balbina (AM) e de Tuciruí (PA), nas décadas de 1970 e 1980, são citadas como prova. A construção de hidrelétricas, muitas vezes desalojam comunidades, inundam enormes extensões de terra e destroem a fauna e a flora regional. Balbina, a 146 quilômetros de Manaus, significou a inundação da reserva indígena Waimiri-Atroari, a mortandade de peixes, a escassez de alimentos e a fome para as populações locais. A contrapartida, que era o abastecimento de energia elétrica da população local, não foi cumprida. O desastre foi tal que, em 1989, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), depois de analisar a situação do Rio Uatumã, onde a hidrelétrica fora construída, concluiu por sua morte biológica. Em Tucuruí, não foi muito diferente. Quase dez mil famílias ficaram sem suas terras, entre indígenas e ribeirinhos. Diante desse quadro, em relação à Belo Monte, é preciso questionar a forma anti-democrática como o projeto vinha sendo conduzido, a relação custo-benefício da obra, o destino da energia a ser produzida e a inexistência de uma política energética para o país que privilegie energias alternativas (Instituto Socioambiental, ISA).

Carvão Mineral: esse minério oferece calor para os grandes fornos contidos nas indústrias siderúrgicas e contribui para geração de eletricidade nas usinas termelétricas.

O carvão, o mais abundante combustível fóssil do mundo, vem sendo usado pelo menos há 2.000 anos. Os chineses queimavam carvão e há indícios de que os romanos da época clássica também o fizeram. Mas com o advento do petróleo e sua intensa exploração, até 1973, os preços de combustível eram tão baixos que, em muitos casos, minas de carvão ainda produtivas foram abandonadas, pois não valia a pena realizar exploração em grandes profundidades, devido aos altos custos dessas operações. A partir de 1973, porém, com os sucessivos aumentos nos preços do petróleo, o carvão voltou a ser bastante utilizado, tendo muitos países voltado a explorar minas já desativadas.

Praticamente 90% das reservas de carvão mineral, assim como das reservas de petróleo, encontram-se localizadas no hemisfério norte, onde atualmente quatro países detêm as maiores reservas:

  • Rússia 56.5%
  • Estados Unidos 19.5%
  • Ásia/China 9.5%
  • Canadá 7.8%
  • Europa 5.0%
  • África 1.3%
  • Outros 0.4%

As maiores jazidas de carvão mineral do País situam-se nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As menores, no Paraná e São Paulo. As reservas brasileiras totalizam 32 bilhões de toneladas de carvão “in situ”. Deste total, o estado do Rio Grande do Sul possui 89,25%, Santa Catarina 10,41%, Paraná 0,32% e São Paulo 0,02%.

Biocombustíveis: correspondem, por exemplo, ao álcool e o biodiesel, sendo o primeiro um dos principais, seu uso é bastante difundido no Brasil como combustível em veículos automotores, utilização iniciada na década de 70 com o programa Pro-álcool lançado dois anos depois do primeiro choque do petróleo em 1973.

Atualmente, com a alta do preço de petróleo e a preocupação com o aquecimento do clima, uma nova mudança está sendo discutida mundialmente, a partir dos resultados do Brasil com a fabricação de carros ‘flexfuel’ com motores bicombustível, que queimam gasolina e álcool. Em 2007, pela primeira vez, a cana-de-açúcar foi a segunda maior fonte de energia na matriz brasileira, com 15,7% do total, à frente da hidreletricidade (14,7%); só ficou atrás do petróleo (36,7%). No ano de 2008, o total de produção de energia renovável e não renovável no Brasil ficou muito próximo de 50% cada um. Nesse aspecto, nosso país tem sido destaque permanente na imprensa mundial e em instâncias internacionais do setor de energia.

Importante ressaltar que devido à tradição no cultivo da cana (desde a época colonial), o Brasil desenvolve hoje o álcool de melhor qualidade no mundo e com custo baixo de produção. 80% do álcool produzido no mundo é resultado da soma entre Brasil e EUA. A vantagem brasileira é que o álcool dos EUA é derivado do milho que tem menos combustão e custa o triplo, se comparado sua produção com o derivado da cana.

O Brasil subsidia produtores de cana para o programa do Etanol brasileiro e pretende vender essa tecnologia de carros flexfuel que, no território interno, já significam 80% dos carros vendidos.

Energia Nuclear – A energia nuclear provém da fissão nuclear do urânio, do plutônio ou do tório ou da fusão nuclear do hidrogênio. É energia liberada dos núcleos atômicos, quando os mesmos são levados por processos artificiais, a condições instáveis.

A fissão ou fusão nuclear são fontes primárias que levam diretamente à energia térmica, à energia mecânica e à energia das radiações, constituindo-se na única fonte primária de energia que tem essa diversidade na Terra.

Como forma térmica de energia primária, foram estudadas as aplicações da energia nuclear para a propulsão naval militar e comercial, a núcleoeletricidade, a produção de vapor industrial, o aquecimento ambiental e a dessalinização da água do mar.

Apesar de polêmica, a geração da energia nucleoelétrica é responsável pelo atendimento de 18% das necessidades mundiais de eletricidade. São as aplicações da ciência e tecnologia nucleares que resultam em benefícios mais significativos, de amplo alcance e de maior impacto econômico e social (Fonte: http://www.ambientebrasil.com.br apud http://marcosbau.com).

Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a demanda de urânio aumentará das 68 mil toneladas atuais a 142 mil toneladas até 2050.

O Brasil já havia sido capaz de produzir urânio metálico em 1954 e já demonstrava forte interesse em desenvolver seu próprio programa nuclear e não apenas ser um mero fornecedor de minério bruto para a indústria nuclear internacional (o país tem as grandes reservas naturais de materiais nucleares, como o tório, encontrado na areia monazítica do litoral brasileiro).
No começo da década de 1960, o Brasil negociava com a França para adquirir um Reator Nuclear, porém, as negociações não progrediram e, em 1965, o Brasil assinou um acordo com a Westinghouse, dos EUA, para obtenção do seu primeiro reator, o que aconteceu em 1971. Em 1976 foi assinado um acordo com a Alemanha para um total de 10 reatores.
No ano de 1986 entra em operação, finalmente, o reator nuclear construído pela Westinghouse, na usina de Angra I. Somente em 2002 a segunda usina nuclear – Angra II – construída com tecnologia alemã, entrou em operação, garantindo que o Estado do Rio de Janeiro deixasse de importar para exportar energia elétrica. Com os acontecimentos de 2001, que forçaram a imposição pelo Governo Federal de racionamento de energia em grande parte do país, o mesmo acenou, no ano de 2006, com a possibilidade da retomada das obras de construção de Angra III ou mesmo da construção de outra usina hidrelétrica, opção esta que pode ser abandonada, segundo estudos, devido à possibilidade de enfrentamento de novos períodos de longa estiagem que forcem o racionamento de energia tornar a ser realidade no país (Fonte: http://areaseg.com/vote2/html/un.html).

Usina Nuclear Angra I. Fonte: http://areaseg.com/vote2/html/un.html

Em 1982 a Usina de Angra I, com 626 MWe, começou a operar. Muito criticada pela construção demorada e questões ambientais, a usina teve problemas de funcionamento intermitente nos primeiros anos, tendo melhorado substancialmente o desempenho depois. Em 2000 entrou em operação o reator da Usina de Angra II com 1350 MWe. Atualmente, a energia nuclear corresponde a 3,3% do consumo do país (PRIS, 2007).

O Brasil e a Turquia, em maio de 2010, mediaram um acordo que o Irã concordou em enviar parte de seu urânio de baixo enriquecimento ao exterior em troca de combustível para um reator de pesquisa médica. O acordo foi inicialmente sugerido como forma de permitir à comunidade internacional o acompanhamento do material nuclear que o Ocidente suspeita ser para a construção de armas nucleares no Irã.

Turquia, Brasil e Irã fizeram um apelo para suspender as negociações para novas sanções por conta do acordo de troca, mas críticos descrevem o acordo como uma tática para evitar ou adiar as sanções. Apesar do acordo, Washington/EUA circulou um esboço da resolução de sanções, acordado por todos os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU depois de meses de negociações (Fonte: noticias.uol.com.br 20/05/2010).

O maior interesse do Brasil é dominar totalmente a tecnologia de enriquecimento de urânio para fins energéticos que está sendo desenvolvida em laboratório e também vendê-lo, pois, segundo dados oficiais (INB – Indústrias Nucleares do Brasil S.A.), ocupa a sexta posição no ranking mundial de reservas de urânio (por volta de 309.000t de U3O8). Segundo esta empresa, apenas 25% do território nacional foi objeto de prospecção, e as duas principais delas são a de Caetité (Bahia – mina Lagoa Real), e Santa Quitéria (Ceará). A expectativa da INB é produzir, até 2012, todo urânio enriquecido utilizado na usina nuclear de Angra I e 20% do combustível para Angra II.

Outra linha de pensamento – defendida por Marcos Gutterman do Estadão – afirma que por trás dos discursos do governo brasileiro em favor do “diálogo” e contra as sanções ao Irã, pode haver uma motivação simplesmente comercial. Gal Luft, do americano Institute for the Analysis of Global Security, diz na Foreign Policy que o Brasil está vivamente interessado em exportar etanol ao Irã; os iranianos, por sua vez, querem o combustível brasileiro para contornar seu problema crônico de falta de gasolina, alvo de sanções americanas. Para Luft, a culpa dessa aproximação entre Brasil e Irã é dos EUA, cujo Congresso, atendendo ao lobby ruralista, impôs tarifas ao etanol brasileiro, jogando o país no colo dos iranianos.

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