Japão – Geopolítica da atualidade

Leia também: O mundo visto pelo Japão

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HISTORIA

A época mais remota da história do povoamento japonês pode ser dividida em três períodos: pré-Jomon (ou pré-­cerâmico, que corresponde ao período paleolítico, datado de 30 mil a 10 mil anos atrás), Jomon (cerca de 7500 a 300 a.C.) e Yayoi (300 a.C. a 300 d.C). No século IV da Era Cristã, o clã Yamato unificou os vários Estados do país sob um único imperador. Os japoneses mantiveram-se durante séculos relativamente isolados do exterior. No século XII, o crescimento da aristocracia militar (os samurais) abala a monarquia. O território passa a ser dominado por xoguns, espécies de senhores feudais, que permaneceram no poder até o século XIX. Em 1603, o xogum Ievasu Tokugawa estabeleceu a capital em Edo (atual Tóquio), proibiu o cristianismo, que começava a florescer por causa dos missionários jesuítas, e fechou o país para estrangeiros. Nos 250 anos seguintes, o único ponto de contato do Japão com o Ocidente foi um pequeno posto comercial em Nagasaki.

O território japonês é composto por 4 principais ilhas (Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kyushu) e 3000 ilhas menores,  com 126,3 milhões de habitantes em 2022 e PIB de US$ 5 trilhões (2019), comandados por uma Monarquia Parlamentarista com suas relações exteriores ligadas à organizações como: Apec, Banco Mundial, FMI, G-8, OCDE, OMC e ONU.

IMPERIALISMO

Na segunda metade do século XIX, o Japão é forçado pelos norteamericanos (em 1853, sob o comando do comodoro norte-americano Matthey Perry) a abrir os portos ao comércio externo. Em 1868, o regime japonês do xogunato é deposto e começa a chamada Era Meiji, quando assume o imperador Mutsuhito e abole a espécie de feudalismo que vivia o Japão. Resistente ao imperia­lismo ocidental, no fim do século o país deu início à própria expansão. Venceu a China na Guerra Sino-Japonesa (1894/1895), em que disputou o controle da Coreia. Com a vitória militar, recebeu as ilhas de Taiwan (Formosa) e dos Pescadores, além de volu­mosa indenização. Por manter o interesse na Coreia, o Japão entrou em guerra com a Rússia (1904/1905). Novamente vitorioso, consolida-se como potência e prossegue sua expansão imperialista.

Exerce influência sobre Manchúria (China), Coreia – transformada em co­lônia em 1910 – e Sakalina (ilha que hoje pertence à Federação Russa). Nos anos 1920, a crise econômica abre caminho para o nacionalismo de direita, que se torna dominante no governo. Em 1931, o Japão invade a Manchúria, onde estabe­lece o Estado fantoche do Manchukuo, em que o último imperador chinês, Pu Yi, é entronado em 1934. A ocupação da região da Manchúria impulsionou o desenvolvimento industrial japonês, devido às vastas reservas de ferro e carvão mineral existentes na referida região.

Fonte: MAGNOLI, Demétrio. O mundo contemporâneo. 2.ed. São Paulo: Atual, 2008, p. 228.

Na II GUERRA MUNDIAL, que foi iniciada em 1939, o governo militarista japonês aliou-se à Alemanha e à Itália em 1940 e ocupou a Indochina francesa no ano seguinte. A expansão militar colocou o Japão em choque com os Estados Unidos (EUA). Em dezembro de 1941, os japoneses realizaram um ataque-surpresa e destruíram a esquadra norte-americana ancorada em Pearl Harbor, no Havaí (vide vídeo que segue). O Japão tomou o sudeste da Ásia e a maior parte do Pacífico Ocidental (Indochina, Indonésia e Filipinas), mas foi derrotado pelas forças aliadas e retira-se das áreas ocupadas. A rendição só ocorreu em setembro de 1945, após a explosão das bombas atômicas jogadas pelos EUA em Hiroshima (6 de agosto) e em Nagasaki (9 de agosto).

Vídeo de pouco mais de 2 min. sobre o contexto do ataque japonês, em 7 de dezembro de 1941, à base norte-americana de Pearl Harbor no Havaí.

Os norte-americanos ocuparam o Japão até abril de 1952 e impuseram uma Constituição e um sistema de governo nos moldes das democracias ocidentais (o país passaria a ter apenas forças de Autodefesa no lugar de forças armadas). O Japão assinou, em 1954, um tratado de defesa mútua com os EUA, que incluiu a instalação de bases militares norte-ame­ricanas, isto é, abrigava-se sob o “guarda-chuva nuclear” norte-americano. Um sistema clientelista garantiu o domínio do Partido Liberal Democrático (PLD – partido conservador aliado das grandes corporações e da poderosa burocracia japonesa) a partir de 1955.

O período do pós-guerra foi marcado por um vertiginoso crescimento econômico pautado na poupança interna e na conquista de mercados externos.

O baixo custo da força de trabalho e a poupança popular se encarregavam do aumento de produção e investimento em tecnologia, a partir de instituições fortemente capitalizadas. As exportações pautaram-se em uma política agressiva, fundamentada na subvalorização da moeda local, o iene.

A evolução industrial se deu em três fases no pós-guerra: 1. Indústrias de base como a têxtil, siderurgia e construção naval; 2. Indústria eletrônica, de consumo e automobilística; 3. A microeletrônica, informática e robótica inseridas na revolução tecnocientífica e informacional remodelando e automatizando a produção automobilística (para um melhor entendimento leia sobre o toyotismo, surgido a partir da década de 1970, no Japão).

Tanto a agricultura de peque­na escala quanto a indústria expressam as mudanças na economia. Os produtos de alta tecnologia passaram a ser a marca da indústria japonesa, sobretudo a partir da década de 1960, o auge do chamado “milagre japonês” que, na verdade, se resumia em investimento na educação, para qualificação da mão de obra, e na ciência e tecnologia para desenvolvimento econômico interno e aumento das exportações. Em 1964, Tóquio sediou os Jogos Olímpicos, ao mesmo tempo em que inaugura o trem-bala.

A expansão econômica e o aumento dos custos internos levam o Japão, na década de 1970, a investir também fora do seu território, nos chamados NPIs asiáticos ou Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura, Hong Kong, Malásia, Tailândia e Indonésia). A partir de 1980, os investimentos japoneses chegaram à China.

CRISE ECONÔMICA

O Japão enfrentou uma crise de grandes proporções nos anos 1990. O crescimento da década anterior – assentado na acelerada automação da indústria – levara os bancos a dispor de muitos recursos que, investidos no mer­cado imobiliário e na Bolsa de Tóquio, propiciaram a supervalorização de ativos (imóveis, ações etc), que serviram como garantias de empréstimos, ou seja, a chamada bolha especulativa. A crise eclodiu em 1991, quando os preços desses ativos desabaram, dificultando o pagamento dos emprésti­mos. Sem conseguir receber os créditos, o setor bancário foi o mais prejudicado.

No decorrer da década, o Produto Interno Bruto (PIB) japonês apresentou baixo crescimento. O país não acompanhou a revolução tecnológica da informação e das telecomunicações que levou à criação de empresas gigantes nesse setor, sobretu­do nos EUA, na Coreia do Sul e em outros países do Sudeste Asiático. Em 1997, a crise financeira internacional iniciada na Ásia atinge duramente o Japão.

CORRUPÇÃO

Denúncias de corrupção acompanham a vida política japonesa desde a renúncia e a prisão do primeiro­ministro Kakuei Tanaka, em 1974, mas não põem fim à hegemonia do PLD. Nos anos 1980 irrompeu um conflito comercial com os EUA, por causa do protecionismo japonês e do desequilíbrio da balança comercial entre os dois países, desfavo­rável aos norte-americanos. Em janeiro de 1989 morre o imperador Hiroíto, ocupante do trono desde 1926, assim sendo substituído pelo filho Akihito. Em 1993, novas revelações de corrupção provocam cisão no PLD, que perde poder nos anos seguintes, até voltar a chefiar o governo, em 1996.

TROCA DE GOVERNO

O primeiro-ministro Keizo Obuchi (PLD) sofre um derrame cerebral em abril de 2000 e morre no mês seguinte, aos 62 anos. Eleições realizadas em junho dão vitória ao PLD, que indica Yoshiro Mori como primeiro-ministro.

FATOS RECENTES

O fracasso dos pacotes de recuperação econômica leva Mori a renunciar. Ele é substituído em 2001 por Junichiro Koizumi, cujo programa é promover privatizações, reformar o sistema financeiro e reduzir gastos públicos.

SOMBRAS DO PASSADO

As ações do Exército japonês durante a II Guerra Mundo continuam causando atrito com os países, vizinhos. As tensões com China e Coreia do Sul se acirram com visitas de Koizumi ao Santuário Yasukuni. Construído 1869, esse memorial militarista homenageia heróis de guerra japoneses, entre ­os quais alguns considerados criminosos de guerra.

TROPAS NO IRAQUE

Em 2003, Koiz­ declarou apoio aos EUA na guerra contra o Iraque e, em 2004, contribui com envio de um contingente de soldados para operações de retaguarda, no maior deslocamento militar do Japão desde a II Guerra mundial. A decisão é polêmica, pois a Constituição japonesa não per­mite a participação de seus soldados em conflitos internacionais. A alegação do governo é que as tropas não estão desenvolvendo ações armadas. ­Sob pressão, o governo japonês retiraos soldados do Iraque em 2006.

ELEIÇÕES

Nas eleições de 2003 para a Casa dos Representantes (câmara baixa), o PLD e seus aliados, o Partido Novo Komeito e o Novo Partido Conservador (depois absorvido pelo PLD), conquistam 279 das 480 cadeiras. O oposicionista ­Partido Democrático do Japão (PDJ elege 177 parlamentares. Nas eleições parciais para a Casa dos Conselheiro (câmara alta), em 2004, o PLD conquista apenas 49 das 121 cadeiras em disputa enquanto o PDJ obtém 50. Apesar disso, a coalizão governamental mantém a maioria no Parlamento.

REFORMAS

Em 2004, o Parlamento aprova a reforma da Previdência, que aumenta o valor das contribuições e corta benefícios – o argumento do governo é que, com o envelhecimento da população, a mudan­ça é essencial para evitar o colapso do sistema. No ano seguinte entra em pauta a proposta de privatização dos correios. Além de enviar cartas, o serviço postal japonês é um banco de poupança estatal, com patrimônio de mais de 3 trilhões de dólares. Por dispor de tanto dinheiro, o correio torna-se foco de transações finan­ceiras suspeitas entre políticos e empresas. Considerada fundamental para o governo, a proposta não passa no Parlamento. Numa manobra arriscada, Koizumi dissolve a Casa dos Representantes e convoca elei­ções antecipadas em 2005. O PLD de Koizumi vence, obtendo 296 das 480 cadeiras em disputa, contra 113 do PDJ. O Novo Komeito, aliado do PLD, elege 31 parlamentares. Vitorioso nas urnas, o primeiro-ministro força o Parlamento a aprovar a privatização.

GOVERNO ABE

Em 2006, Koizumi encerra seu mandato com 50% de aprovação, o índice mais alto entre todos os primeiros ­ministros do pós-guerra. O PLD indica Shinzo Abe para premiê. Ele assume o governo com o objetivo de aprofundar as reformas na economia e procura ini­ciar uma aproximação com a China e a Coreia do Sul. O governo de Abe, porém, é abalado profundamente por escândalos de corrupção que atingem alguns de seus ministros. Um deles, o da Agricultura. suicida-se em maio de 2007.

Enfraquecido por sucessivas crises, o PLD sofre uma derrota histórica nas elei­ções para metade das 242 cadeiras na Casa dos Conselheiros, em julho. Ao eleger 60 parlamentares, o oposicionista PDJ passa a somar 112, superando os 105 da coalizão governista. É a primeira vez na história do Japão que o PLD perde o controle da Casa. Com a popularidade em baixa, e pressionado por denúncia de corrupção, Abe pede demissão em setembro.

GOVERNO FUKUDA

Yasuo Fukuda (PLD) e eleito pela Casa dos Representantes o novo primeiro-ministro japonês. Ele assume em difícil situação política, pois a oposição, com sua maioria na Casa dos Conselheiros, possui forte poder de obstrução dos projetos do governo. O novo premiê sofre a primeira derrota ao não conseguir, na câmara alta, prorrogar apoio japonês às ações dos EUA no Afeganistão – abastecimento por meio de aviões no oceano Índico. A missão é inter­rompida em novembro, mas, após com­,nlicadas negociações com o Legislativo, ela é liberada em janeiro de 2008.

OKINAWA

Um marine norte-americano é acusado pelo estupro de uma menina de 14 anos, em fevereiro, e o caso serve de estopim ira protestos pela presença no Japão de bases militares dos EUA. O repúdio é particularmente forte em Okinawa, ilha onde ocorreu o crime e na qual fica a maior parte dos 50 mil militares norte-americanos esta­cionados no país. Em novembro de 2009, o Japão inicia negociações com os EUA para fechar a base norte-americana na ilha.

DESGASTE

Em março de 2008, o governo lança mão de uma manobra política para impor a volta de uma taxa que aumenta o preço dos combustíveis. Com isso, a rejei­ção popular a Fukuda cresce. O ápice do enfrentamento ocorre em junho, quando a câmara alta aprova, pela primeira vez no pós-guerra, uma moção de censura ao primeiro-ministro e pede sua renúncia. Com esperança de recuperar o apoio po­lítico e popular, visando às eleições gerais de 2009, Fukuda promove uma reforma ministerial em setembro e nomeia seu rival Taro Aso secretário-geral do partido. A crise financeira global, porém, atinge a economia japonesa, aumentando ainda mais as dificuldades para Fukuda. que renuncia em setembro.

Fonte: arquivoetc.blogspot.com/2009_02_01_archive.html

Com a crise (2007-2009), as vendas externas do Japão caíram 14% no quarto trimestre de 2008. Como resultado, o PIB japonês contraiu-se 4,6% no período, o pior resultado em 35 anos. Nos Estados Unidos, epicentro do desastre financeiro, o PIB encolheu apenas 0,2%, e nos países da chamada zona do euro a queda ficou em 1,2%.

NOVO GOVERNO

Taro Aso, ortodoxo em economia e conservador politicamente, assume como primeiro-ministro em setembro de 2008. Ele destina 255 bilhões de dólares para ajuda a instituições financeiras e empresas e para operações de crédito. Em novembro, o país entra oficialmente em recessão.

POLÍTICA EXTERNA

Em dezembro, o Japão reúne-se com a China e a Coreia do Sul, for­malizando uma Frente Asiática, que adota medidas de colaboração para enfrentar a crise econômica e buscar a estabilidade do sistema financeiro global. A iniciativa con­solida uma aproximação entre o governo japonês e o de seus dois vizinhos, marcada, no período anterior, sobretudo, por visitas ao Japão do primeiro-ministro chinês Wen Jiabao (abril de 2007) e do presidente da China, Hu Jintao (março de 2008).

DERROTA DO PLD

A troca do primeiro-mi­nistro não surte efeito, e a crise política, somada à econômica, estende-se por 2009.

Fonte: arquivoetc.blogspot.com/2009_02_01_archive.html

Desde novembro de 2009, um recall por conta de um problema no acelerador fez a Toyota recolher para reparos 9 milhões de carros (prejuízo de US$ 2 bilhões). Isso desencadou uma crise abalando a reputação da empresa em dimensões incalculáveis. Fonte: Revista Isto é de 24/02/2010, p. 82.

O Japão registra a pior queda do PIB em 35 anos, aborta uma tímida tentativa de recuperação e vê seu ministro das Finanças perder o cargo depois de um vexame público.

Em fevereiro de 2009, o ministro das Finanças, Shoichi Nakagawa. renuncia após aparecer supostamente embriagado em uma reunião do G-7. Em outubro de 2009, o mesmo Nakagawa é encontrado morto  em sua residência (veja  vídeo que segue com reportagem do Globo News).

Em julho, o PLD sai derrotado das eleições para a Assembleia de Tóquio, consideradas um importante termômetro de popularidade. Em seguida, a câmara alta aprova moção de censura contra Aso. que decide antecipar as eleições gerais para agosto, dois meses antes do previsto.

No pleito, o PDJ conquista uma vitória histórica, que põe fim a um período de 54 anos quase ininterruptos do PLD no poder. O PDJ obtém 308 das 480 cadeiras em dis­puta, contra 119 do PLD. Yuláo Hatovama assume como premiê em setembro, pro­metendo investir em programas sociais e reduzir a dependência econômica das exportações. O novo primeiro-ministro também sinaliza que estreitará as relações com os vizinhos asiáticos, especialmente China e Coreia do Sul.

Texto adaptado do Almanaque Abril, 2010, ano 36, p. 515-517. Os mapas, figuras e videos estão com suas respectivas referências na parte inferior das mesmas.

8 thoughts on “Japão – Geopolítica da atualidade”

  1. Caro professsor,

    Confesso que fiquei impressionado com a clareza e a concisão sobre o modo que você trata de um assunto tão abrangente como a geopolítica nipônica. Eu curso a oitava série, e ficaria muito agradecido se soubesse as mudanças mais recentes ocorridas no cenário político e econômico do Japão, além de contar com a sua ajuda para um quesito mais delicado. As questões sobre o Japão, em vestibulares, testes, exames e concursos, são escassas; resta, porém, saber se você possui algum conhecimento sobre questões objetivas de simulados ou quaiquer outros testes que ajudem numa melhor compreensão da economia e política japonesa. A maneira como o assunto sobre o Japão está exposta no livro de William Vesentini (no caso, o meu), é muito superficial, e o seu blog cumpriu com o meu objetivo, que era encontrar informações úteis e agradáveis de se ler, sem cair nas velhas fórmulas cristalizadas, como o “decoreba”. Se você puder me ajudar, fica aqui o meu muito obrigado. Se não, novamente um muito obrigado pela utilidade do seu texto, que foi uma preciosa ajuda para mim.

    Desde já o meu abraço,

    Luís Henrique

    1. Luís,
      Agradeço muito suas palavras e por hora vou ficar te devendo as questões.
      Digo-lhe que as tenho, mas como todas as páginas e figuras eu que as configuro e leio os textos para escolha, não tenho tempo (ainda) para postar as questões.
      A prioridade é completar os assuntos da geografia que caem nos vestibulares, programas de avaliação seriada e ENEM, para depois as questões comentadas.
      Obrigado mais uma vez e um abraço,
      Mb.

  2. Boa tarde professor,

    Actualmente estou a desenvolver um projecto sobre a as exiguidades do Japão sob uma prespectiva geopolítica. Ao procurar informação na internet, deparei-me com o seu artigo. Apesar de, em geral, não conter informação directa sobre o meu tema, simplesmente adorei o artigo. Muito bem conseguido, parabéns. Já agora, se não for incómodo, seria possível indicar-me algum livro que seja adequado ao meu tema? Obrigada.

    1. Olá Isabela,
      Obrigado pelo elogio e por ter chegado aqui, pois pela grafia percebo que você escreve de algum lugar de Portugal (meus ancestrais são de Guimarães e vieram aqui para o Brasil em 1750 desenvolver atividades comerciais!).
      Quanto à indicação de livros que você me pede, sobre as exiguidades do Japão diretamente não tenho, mas o problema de escassez japonesa começa a ser enxergado por eles próprios quando os EUA obriga, em meados do séc XIX, os xoguns a abrir seus portos e logo depois na Restauração Meiji vem a expansão territorial nipônica pelo Pacífico.
      Como a geopolítica japonesa se liga à norte-americana pela influência ocidental de desenvolvimento industrial e ocupação territorial (principalmente no pós II Guerra), e a geopolítica do destino manifesto norte-americano (desenvolvida principalmente pelo Spykman) liga-se ao nascimento da geopolítica na Alemanha (Ratzel e a aliança pan-germanista a partir da análise expansionista do Otto Von Bismark), pensamento que vai permear as duas guerras (principalmente a II pelo poder expansionista e centralizador tecido pela estratégia do Haushofer e seguida por Hitler).
      Bom, para não me estender tanto em temas tão multifacetados, indico-lhe, por hora, três livros que podem ajudar nessas ligações geopolíticas de encaixe na insuficiência japonesa.

      COSTA, Wanderley Messias da. Geografia política e geopolítica: discursos sobre o território e o poder. 2.ed. São Paulo: EDUSP, 2008.
      MAGNOLI, Demétrio. Relações internacionais: teoria e história. São Paulo: Saraiva, 2004.
      VESENTINI, José William. Novas geopolíticas. 4.ed. São Paulo: Contexto, 2007.

      Espero ter ajudado,
      Cordialmente,
      Mb.

      1. Boa tarde professor,

        O professor está correcto, realmente sou portuguesa e coincidentemente, natural de Guimarães, apesar de não viver na cidade. Agradeço a breve explicação, é de extrema utilidade, pois a professora que está a orientar o meu projecto, numa das nossas conversas, sugeriu uma ligação à Alemanha, mas não quis entrar em pormenores, penso que com a sua ajuda, acabei de descobrir. Pesquisei um pouco sobre os livros, parecem interessantes, vou tentar adquiri-los. Obrigado.

        Atenciosamente,
        Isabela

  3. parabens pelo blog professor,
    o blog definitivamente cumpriu seu objetivo em facilitar e complementar
    o estudo da geografia, junto ao livro didático
    deixo aqui uma sugestão: a cor escolhida para o fundo e para a fonte cansa rápido as vistas, de tal forma que um fundo claro e fonte escura seria o ideal.
    mais uma vez parabens pelo blog,
    abraço.

    1. Muito obrigado pelas considerações Guilherme! Bom que cumpra o objetivo de complementar o livro didático, pois o objetivo é ajudar a informar cada vez mais meus alunos.
      Observei atentamente a sua sugestão e modifiquei a cor da fonte (de amarelo para um ‘quase’ branco) para tentar melhorar a leitura.
      A idéia do fundo ser escuro foi fugir um pouco da trivialidade da grande maioria dos blogs (além de ter gente – como eu – que cansa menos lendo em fundo escuro e cor clara… veja como são as coisas!). Continuo em observação desse tópico sobre as cores.
      Abraço.

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