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Histórico do petróleo no Brasil.
O Brasil vai exportar petróleo?
As reservas de petróleo subsal, ou o petróleo da camada pré-sal, encontram-se em diferentes profundidades, variando entre 2000 a 3000m de lâmina d’agua antes de chegar ao leito marinho. No subsolo do mar, a primeira camada de rochas sedimentares, ou seja, a camada mais superficial, é chamada de pós-sal, pois está acima das rochas salinas) No pós-sal estão importantes reservas petrolíferas como a Bacia de Campos/RJ, que representava a quase totalidade das reservas brasileiras até 2005. Abaixo desta primeira camada de rochas (pós-sal), encontra-se a camada de rochas chamadas evaporíticas, isto é, rochas salinas ou simplesmente camada de sal. Esta camada varia de algumas centenas de metros até 2km de rochas salinas. Sob a camada de rochas salinas estão as rochas “pré-sal”, em que foram identificadas as primeiras reservas gigantescas de petróleo, nos campos intitulados de Tupi, Iara e Parque das Baleias.
O “pré-sal” é considerado uma grande bacia petrolífera, sem que se saiba exatamente se é um conjunto de enormes campos petrolíferos independentes, mas próximos, ou um único campo petrolífero gigantesco. Avalia-se que tenha entre 70 e 100 bilhões de barris (1 barril tem 158,9 litros) equivalentes de petróleo e gás natural mineral. Os geólogos mais otimistas falam em até 200 ou 300 bilhões de barris, caso seja formado por um único campo ou se a sua extensão for ainda maior do que a área já mapeada.
O petróleo da camada pré-sal é mais leve do que o petróleo encontrado no restante do Brasil, como o petróleo da Bacia de Campos/RJ, geralmente considerado petróleo pesado. Assim, o petróleo leve, como óleo da camada pré-sal, é estratégico para o Brasil, pois:
(I) é mais fácil de ser refinado, produzindo uma porcentagem maior de derivados finos;
(II) tem menos enxofre, poluindo menos quando é refinado;
(III) portanto, é comercializado por um valor maior no mercado internacional.
Os produtos derivados de petróleo com maior valor agregado não são necessariamente os combustíveis, mas sim os outros produtos duráveis e semiduráveis resultantes do refino de petróleo. Os subprodutos do petróleo incluem desde produtos inflamáveis, solventes, fertilizantes, agrotóxicos, produtos farmacêuticos, materiais sintéticos, tintas,, solventes, detergentes, vernizes, borracha sintética e plásticos (polímeros), dos quais se destacam os policarbonatos, poliuretanos, polipropileno, PVC, PET.
vídeo explicativo da Petrobras sobre o pré-sal
A descoberta de gigantescas reservas de petróleo na camada pré-sal do litoral brasileiro, simplesmente pode atrair a cobiça internacional sobre as riquezas brasileiras em uma escala como nunca se viu antes. Há projeções que falam em mais de 100 bilhões de barris de petróleo no pré-sal, o que significa algo como um Kuwait ou um Iraque no nosso litoral. Por si só, isto já seria suficiente para modificar a geopolítica do Atlântico Sul. Não é difícil imaginar o que poderá acontecer se novas descobertas deste tipo, forem feitas em formações geológicas semelhantes ao nosso pré-sal (bacias petrolíferas abaixo de camadas de rochas salinas), em outros locais do Atlântico Sul, tanto no litoral da América do Sul, como da África.
Os combustíveis derivados de petróleo e o gás natural representam 60% de toda a energia consumida no mundo e a exploração petrolífera representa diretamente cerca de 10% do PIB mundial. Indiretamente os milhares seus subprodutos combustíveis derivados de sustentam a economia mundial como conhecemos hoje. Devido ao seu enorme peso econômico e geopolítico, o petróleo é considerado o pilar fundamental da civilização industrial estruturada ao longo do século XX, também chamada de “civilização do petróleo”.
Com o aprofundamento da integração regional no âmbito do Mercosul e da UNASUL (União das Nações Sul-Americanas reúne os doze países da América do Sul e visa aprofundar a integração da região), é possível esperar que a cooperação Brasil-Argentina*** em áreas estratégicas seja retomada em larga escala. A retomada da cooperação nuclear e a criação de um programa espacial conjunto, seriam iniciativas fundamentais para alavancar o desenvolvimento tecnológico dos países que hoje formam o núcleo da integração sul-americana.
***Cita-se a Argentina por ser o maior parceiro do Brasil no Cone Sul.
Cerca de 28% da área do pré-sal já foram licitados de acordo com as regras vigentes, de concessão das áreas (veja mapa que segue). Estima-se que somente os campos de Tupi, Iara e Parque das Baleias podem ter um total de 14 bilhões de barris. Se esse montante fosse completamente usado na atualidade, a União receberia cerca de R$ 160 bilhões em royalties e participação especial.
“O consórcio, formado pela Petrobras (65%), BG Group (25%) e Galp (10%), dará continuidade às atividades e investimentos necessários para a avaliação das jazidas em Tupi, com a perfuração de novos poços até a Declaração de Comercialidade, prevista para dezembro de 2010”, completou a Petrobras.
Em fevereiro de 2010, os parlamentares aprovaram o relatório e o texto base do projeto que institui e define o Fundo Social que se apropriará dos recursos advindos de sua exploração. O Fundo destinará seus rendimentos exclusivamente para educação, tecnologia, combate à pobreza, cultura, pesquisas e meio ambiente.
A única proposta do pré-sal aprovada integralmente na Câmara até o momento foi o PL 5939/09, que cria a Petro-Sal, estatal para gerenciar todos os contratos de exploração e produção de petróleo e de gás na área do pré-sal sob o novo modelo de partilha proposto pelo governo. Esse projeto já está no Senado.
Segundo o líder do governo deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), a votação de nove medidas provisórias que tramitam na Câmara acontecerá posteriormente à votação das propostas do pré-sal.
O último projeto do Executivo sobre o pré-sal que estabelece novas regras de distribuição dos royalties (veja abaixo o que significa) foi aprovado na noite desta quarta-feira (10/03/2010) na Câmara dos Deputados por 369 votos a favor, 72 contra e duas abstenções. O projeto foi aprovado com a chamada “emenda Ibsen”, que impõe uma nova distribuição dos royalties para que todos os Estados e municípios, independente de serem produtores ou não, recebam segundo as regras dos fundos de participação dos municípios (FPM) e dos Estados (FPE).
A maior polêmica estava na emenda, que ficou conhecida como “emenda Ibsen”, de autoria dos deputados Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e Humberto Souto (PPS-MG), que impõe uma nova distribuição dos royalties – tanto dos contratos de concessão quanto os do pré-sal, para que todos os Estados e municípios recebam segundo as regras dos fundos de participação dos municípios (FPM) e dos Estados (FPE). A proposta da emenda é que 50% dos recursos sejam destinados à União e a outra metade seja repartida com todos os Estados e municípios, incluindo os não produtores.
Diferenças entre as propostas para os royalties do petróleo (clique na imagem para uma melhor visualização). Fonte: Editoria de Arte/G1.
Como fica a distribuição para o Rio de Janeiro.
Royalty é o valor pago ao detentor de uma marca, patente, processo de produção, produto ou obra original pelos direitos de sua exploração comercial. Os detentores dos royalties recebem porcentagens das vendas dos produtos produzidos com o concurso de suas marcas ou dos lucros obtidos com essas operações. No caso dos royalties do pré-sal, trata-se de compensação financeira paga aos Estados e municípios pela exploração desses produtos em depósitos localizados em terra ou na plataforma continental.
Você sabia que o principal imposto estadual não incide sobre o petróleo, porque a Constituição de 1988 estabeleceu que só os estados consumidores é que podem cobrar, mas todos os outros produtos do Brasil são cobrados pelo estado de origem, exceto o petróleo. E isso aí tem uma desvantagem enorme, compensada pelos royalties.
Esse texto é um resumo/adaptação dos vários artigos contidos no site http://diariodopresal.wordpress.com/ idem para as imagens. O três últimos parágrafos foram retirados do UOL notícias – política, 11/03/2010 em http://noticias.uol.com.br/politica/2010/03/10/camara-aprova-projeto-sobre-royalties-do-pre-sal.jhtm
Bom dia
Existe alguma bilbiografia (livro), sobre o assunto?
Estou niciando um trabalho, que obrigatoriamente tennho que ler um livro sobre o assunto, e hoje com a tecnologia, o que mais consegui foram sites, poderia me indicar um livro.
Olá Calisto, bom dia
O advogado e professor Claudio Araújo Pinho lançou em MG o livro “Pré-sal – História, Doutrina e comentários às leis” a venda na Amazon (http://www.amazon.co.uk/Pr%C3%A9-Sal-Hist%C3%B3ria-Doutrina-coment%C3%A1rios-Portuguese/dp/B0042P53ZG)
Como o assunto é muito recente, você encontrará poucas obras, mas a partir de um achado, como o que te indico, nas referências certamente haverá mais contribuições sobre a temática.
Att,
professor gostaria de saber se apos algum tempo a camada de sal do petroleo pode aquecer, derreter e prejudicar as ecavação
A camada de sal é instável Filipe, isto é, após a perfuração ela pode se fechar novamente, e isso pode prejudicar a perfuração. Por isso que a Petrobras estimou para 2013 a perfuração dos poços mais profundos (requer investimentos iniciais aproximados em 800 milhões de reais).
Espero ter sanado a sua dúvida.
Até
Olá prof. Marcos,
Em primeiro lugar, gostaria de parabenizar o trabalho dedicado a este blog, pois sei como muitas vezes é difícil dedicar tempo a este tipo de empreendimento sendo professor.
Aproveito ainda, para agradecer as citações ao blog “Diário do Pré-Sal”…
Abraço,
Lucas Oliveira
http://diariodopresal.wordpress.com/
Eu é que agradeço Lucas, pois o diariodopresal.wordpress.com me atualiza com dados que passo em sala sobre petróleo.
Está marcado nos meus favoritos seu blog sobre geografia e geopolítica que lerei com calma. Desde já agradeço 2 vezes. Por ter descoberto esse canal de leitura (assim como muitos outros de nossos colegas!) e pela citação do nosso blog GeoBau.
Abraço
Depois da “bagaceira” da correção de provas, coloca aqueles gráficos legais sobre os “royalties” do petróleo. O Blog está cada vez melhor!
🙂 Já pus as figuras dos royalties desde anteontem! Meu nome é trabalho e o apelido produção!
Daniele,
Para uma pós, minha recomendação é que você converse com seus professores que tratam com mais profundidade do assunto, pois a área que dou aula para graduação e pós está no cerne da geografia urbano-regional e geopolítica.
1.Pelo que sei das suas perguntas, depois do Brasil ter descoberto o Pré-sal, algumas das maiores empresas petrolíferas do mundo se interessaram pelas regiões da costa oeste africana e Golfo do México, pois segundo pesquisas existe petróleo na camada Pré-sal desses lugares (é bem possível, pois se você analisar a Pangeia que começou a se separar na era mesozoica há 200 milhões de anos, chega-se à lógica segundo geólogos de um campo que estendia-se de PE a SC).
2.O campo de Carmópolis ERA na camada Pré-sal, desde períodos geológicos anteriores não é mais.
3. Dá uma lida nesse artigo contido no http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:OBsCVCnYS-UJ:www.tnpetroleo.com.br/download.php/revista/download/i/289/nome/TN66_Especial:_Brasil_e_Reino_Unido.pdf+Shell+e+a+Devon+j%C3%A1+tiveram+experi%C3%AAncia+com+perfura%C3%A7%C3%A3o+no+pr%C3%A9-sal&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESjrWOT0Zt3i4s2HYf5T1S1s-EkRKYBP2QSquUF8w9XbURY2oWQ2poizeNinQris2zjd1-wMNHHhjfr4Z0FDLTtqbZcFpVSNCgcO1gR-vQw2kiHO6UYdwbzsHQlbGmbGruq6oc73&sig=AHIEtbSxSX4SuEgztxKNQQxYlER4GRnvqg
Mt obrigada pelas respostas! Irão me ajudar muito!