Exportações brasileiras crescem, mas não diversificam
Gráfico da balança comercial brasileira. Déficits até 2001, e a partir daí uma curva ascendente demonstrando os superávits com uma queda a partir de 2008, devido à crise global começada no subprime (mercado imobiliário) norteamericano.
A partir da volta do crescimento em 2010, o Brasil figura entre os dez países emergentes com maior capacidade de acelerar seu ritmo ascendente e se desenvolver. O estudo considera quatro características principais (e algumas divisões das mesmas) na pauta de exportações: sofisticação; diversificação; características únicas e potencial de vender outros produtos com vantagem comparativa para o exterior. Fonte: Folha online. Clique na imagem para melhor visualização.
O comércio exterior brasileiro atravessou dois períodos distintos nos últimos 13 anos. Entre 1995 e 2000, o país apresentou déficits comerciais constantes, que foram substituídos por sucessivos superávits na balança comercial entre 2001 e 2007. Os dados já divulgados até julho de 2008 confirmam um outro ano superavitário, porém com um início de queda (em 2009, exportações diminuíram 22,7%) devido à desaceleração da economia global depois da crise imobiliária dos EUA. Na última década, as exportações cresceram, em média, cerca de 9,% ao ano, mas no último qüinqüênio de 2008 o crescimento médio anual atingiu, aproximadamente, 20%. Apesar de ser a décima maior economia do mundo, o Brasil tem uma participação de apenas 1,2% no comércio global.
Entre 2001 e 2005, o crescimento acelerado das exportações foi impulsionado por um conjunto de circunstâncias, como o forte crescimento da economia mundial, o aumento dos preços das commodities, a taxa de câmbio favorável, o baixo crescimento do consumo interno e significativos ganhos de produtividade das empresas. O céu limpo cobriu-se com algumas nuvens a partir de 2006, em virtude das repercussões da crise financeira nos Estados Unidos sobre a economia mundial. Adicionalmente, o real sofreu expressiva valorização perante o dólar, tornando nossas exportações menos competitivas, e para fazer frente ao crescimento da demanda interna muitas empresas investiram pesadamente na importação de equipamentos e máquinas. Mesmo assim, a comparação do desempenho das exportações em 2006 e 2007 evidencia um crescimento das vendas de produtos brasileiros para todos os principais blocos econômicos do mundo. (veja gráfico que segue).
A valorização do real já se expressa nas curvas do comércio exterior. Nos últimos dois anos, apesar do incremento das exportações, o ritmo de aumento das importações é ainda maior. O que foi muito ruim no início de 2009, devido à crise global, no primeiro trimestre de 2010 o comércio exterior começa a dar sinais positivos (e perspectivas de investimento como mostrou o mapa anterior). Nem tudo é motivo de comemoração: as exportações brasileiras cresceram mais pela quantidade de bens primários exportados do que pelo valor agregado dos produtos comercializados.
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O Brasil se esforça, há tempo, em diversificar a composição das exportações e em ampliar o leque de seus parceiros comerciais. A estratégia brasileira recente prioriza o incremento das relações comerciais com os países emergentes – que, em 2007, responderam por quase metade do PIB mundial. Essa mudança na geometria da economia global está fortemente relacionada com o desempenho da China, mas reflete também a expansão de um seleto grupo de países emergentes como índia, Rússia, México, África do Sul, Turquia e o próprio Brasil. Nos últimos dez anos, as novas tendências econômicas globais provocaram a inclusão de mais de um bilhão de novos consumidores nesses países.
As direções do comércio brasileiro expressam a paisagem mundial em mutação. Em 2007, cerca de 80% das exportações do Brasil se dirigiram para quatro grandes conjuntos: Ásia (excluído o Oriente Médio), União Européia (UE), Estados Unidos e América Latina (veja o gráfico mostrado). Em 2009, a China fechou como principal parceiro comercial do Brasil, superando os EUA. Os chineses também foram os maiores compradores de produtos brasileiros, seguidos dos norteamericanos e argentinos. Os principais países dos quais o Brasil mais importou, em 2009, foram os EUA, a China, a Argentina e a Alemanha (veja gráfico que segue).
UE e Estados Unidos são parceiros tradicionais do Brasil e respondem por pouco mais de 40% de nossas exportações. As vendas para a América Latina tiveram grande incremento com a criação do Mercosul,bloco que responde por cerca da metade de todas as compras de produtos brasileiros na região. Cerca de 80% das exportações para o bloco do Cone Sul têm como destino a Argentina. Na Ásia, a China é a principal parceira, respondendo por cerca de 40% de todas as vendas para a região, seguida pelo Japão e pela Coréia do Sul. A Índia, um dos principais países emergentes da atualidade, ainda é um parceiro comercial pouco expressivo para o Brasil.
Os estrategistas do comércio exterior brasileiro consideram os países africanos como um mercado promissor, mas ainda bastante limitado. Na África do Norte, os principais parceiros são Egito, Argélia e Marrocos. Na África Subsaariana as relações comerciais são mais intensas com a África do Sul, Nigéria e Angola. Já no Oriente Médio, nosso maior comprador é o Irã, seguido da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos. Por fim, na Europa Oriental, a Rússia figura de longe como principal cliente, absorvendo cerca de 85% das exportações brasileiras.
A estratégia comercial brasileira funciona razoavelmente bem no que tange à ampliação do número de parceiros comerciais, mas seu “calcanhar de Aquiles” encontra-se nas dificuldades de ampliar as exportações de produtos de alto valor. As exportações destinadas aos parceiros tradicionais – isto é, UE e Estados Unidos, concentram-se cm commodities e produtos de baixa tecnologia. Da mesma forma, esses produtos formam o grosso de nossas exportações para a Ásia. No caso da China, ele correspondem a nada menos que três quartos do total. As vendas de produtos de média-alta tecnologia predominam apenas nas exportações para a América Latina e a África.
A conclusão é inevitável. O Brasil figura como global trader (comerciante global) apenas no que se refere às commodities (cana, café, soja, algodão, carne bovina, suína e de frangos, minérios), que representam um pouco menos da metade da pauta de exportações e que exibem incremento de vendas em todas as direções. Por outro lado, em relação aos produtos de maior valor agregado o Brasil é, quase exclusivamente, um regional trader.
Referências:
Jornal O Mundo, Setembro 2008, Ano 16, nº 5.
Guia do Estudante. Atualidades vestibular + ENEM. São Paulo: Abril, 2011, p. 150-151.
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/795394-brasil-e-6-em-potencial-de-crescimento.shtml
O artigo bom demais! más concordo com que a letra cinza é um problema.
Muito bom conteúdo. vai ser de grande utilidade para apresentação de um seminário em meu curso de Logística.
OBG
Fico feliz em ajudar Diogo. Boa sorte no seminário e não esquece de citar a fonte!
Gostei dos argumentos e da idéia proposta. Parabéns pelo seu blog.!
Obrigado!
Caros colegas:
Teriam os mesmos dados tabulados para 2010?
Abs
Wagner,
Temos esses dados, mas não estão publicados no blog. Peço-lhe desculpas por não ter achado aqui, mas indico-lhe abaixo uma leitura que achará tais dados.
Almanaque Abril 2011. Págs. 27, 105 e 106. A venda nas bancas de todo o Brasil.
Abç
muda a cor das letras!!! esse cinza é podre!
Desculpe Marina. Aqui a preocupação (e discussão) é sobre o conteúdo postado e não sobre estética.