Coelho e Terra (2005, p. 219) classificam as massas de ar como elemento do clima e a define como “grandes porções de ar que costumam se originar em áreas extensas e homogêneas, como as planícies, os oceanos e os desertos. Em seu processo de formação adquirem características (umidade e temperatura) da área de origem […] A circulação geral da atmosfera também chamada de primária, é responsável pela existência das grandes zonas climáticas [e] desenvolve-se por meio de circuitos circunscritos a cada uma das zonas climáticas […] Além dessa circulação geral primária, que ocorre em zonas latitudinais e que determina o padrão geral ou global dos climas (zonais ou latitudinais), existem a circulação secundária e terciária [ventos de áreas menores, como os monçônicos, e áreas locais, como o minuano e pampeiro, respectivamente].” (COELHO, Marcos Amorim; TERRA, Ligia. Geografia geral: o espaço cultural e socioeconômico. São Paulo: Moderna, 2005, p. 221-223). Para tanto, Coelho e Terra escrevem que massa de ar é um elemento que contém características de umidade e temperatura.
Marcos Amorim faleceu e Ligia Terra continuou na mesma editora passando a escrever com outros autores. Terra, posteriormente, em seu livro com Araujo e Guimarães passou a encaixar massa de ar como fator climático ao grafar que “Diversos fatores que modificam o clima – como a altitude, a latitude, a continentalidade e a dinâmica das massas de ar – interferem no clima brasileiro…” (TERRA, Ligia; ARAUJO, Regina; GUIMARAES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2008, p. 248). Em resumo, para Terra era elemento e depois virou fator.
Moraes (2011, p. 188 e 193) divide os fatores climáticos em astronômicos, geográficos e meteorológicos e classifica massas de ar (sistemas atmosféricos) como fator meteorológico – MORAES, Paulo Roberto. Geografia geral e do Brasil. 4.ed. São Paulo: Harbra, 2011.
Adas (2004, p. 345) não se mete nessa discussão e define “massa de ar como uma grande porção da atmosfera, que se caracteriza ou se individualiza por suas qualidades de temperatura e umidade” e não a cita como fator climático, mas também não a cita como elemento e grafa que “uma massa de ar possui qualidades de temperatura e umidade, adquiridas da superfície terrestre de onde se origina” (p. 346) e assim forma uma dinâmica atmosférica (ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. São Paulo: Moderna, 2004, p. 347). Perceba que Adas põe o que chamamos de elementos climáticos (temperatura e umidade) como um atributo possuidor de qualidade que influencia nas massas de ar. Para mim, massa de ar como um fator que contém elementos.
Vesentini não cita em nenhum momento elemento ou fator, chama os elementos temperatura, umidade e pressão de fenômenos climáticos, e separa massa de ar como um tópico sem referenciá-lo como elemento ou fator. (VESENTINI, José Wiliam. Geografia geral. Vol. 1. São Paulo: Ática, 2013, p. 231 – 237).
Enfim, quando vamos aprofundar entendemos que na matéria não há total convergência quanto ao tema, mas, para mim, é fator climático, já que massa de ar é uma mega porção de ar da atmosfera sendo quente, fria, úmida ou seca (uma junção de vários ventos primários, secundários e terciários tomando emprestada a teoria de COELHO e TERRA, 2004), que influencia e determina a condição climática em grande escala espacial ao viajar milhares de quilômetros levando diferentes condições de temperatura, umidade e pressão – nisso nenhum autor difere, ou seja, que temperatura, umidade e pressão sejam elementos do clima. Portanto, massa de ar é um fator climático que contém elementos do clima. Mesmo que o vento seja um elemento, pois massa de ar não é um vento qualquer sendo local ou regional; é uma conjunção de ventos que a compõe para que ela exerça sua condição climática determinante. Perceba que a variedade climática brasileira é influenciada, dentre outros fatores climáticos, o mais determinante são as massas de ar e na totalidade de nosso país atuam 5 massas nos dois solstícios