Guerra da Coreia (1950/53) e Seus Desdobramentos Geopolíticos Atuais (2013)

Um breve resumo por Marcos Bau Brandão


O controle territorial da península coreana era pautado em dinastias até o final do século XIX, quando se tornou Império. Em 1905, o Japão força a Coreia a assinar um Tratado* tornando-a um protetorado japonês. Em 1910, o Japão anexa o território coreano.

* Tratado Japão-Coreia de 1905 ou Tratado de Eulsa, onde o Japão após vencer a guerra contra os russos (Guerra Russo-Japonesa em 1904/05 disputando os territórios da Manchúria e da Coreia) buscou aumentar sua esfera de influência  no leste asiático. As tropas japonesas cercaram o território coreano e forçaram o Imperador a assinar o referido Tratado que certificava a Coreia como protetorado do Japão. A partir daí o Japão passou a controlar as relações geopolíticas internacionais coreanas, além das relações comerciais nos portos da Coreia.

O Japão perdeu a II Guerra ao lutar do lado da Alemanha e da Itália (Eixo) e depois da derrota japonesa a Coreia foi dividida provisoriamente, ainda em 1945, pela bipolaridade vigente, em um contexto do que se desenvolveria na  Guerra Fria (especialistas datam o início da Guerra Fria em 1947 que coincide com os lançamentos do Plano Marshall e da Doutrina Truman). A península coreana foi dividida no paralelo 38º em uma zona de ocupação soviética (lembremos que nesse período a China era aliada da URSS) ao norte e uma zona ao sul, de ocupação norteamericana (vide mapa abaixo).

guerra-da-coreia

Fonte do mapa: Nós e a História.

Haveria eleições para votar a reunificação do país, mas a tensão bipolar não permitiu e, em 1948, a Coreia foi dividida oficialmente em dois Estados rivais, com a fronteira fixada no paralelo 38º. A tensão geopolítica crescente gerou a guerra entre as coreias que estourou em junho de 1950, quando as tropas norte-coreanas invadiram terras além do paralelo 38º (tomaram a capital Seul em um ataque de surpresa), a fim de reunificar o país pela força. Não se pode esquecer que, em 1949, Mao Tsé-Tung junto aos comunistas tinha tomado o poder na China e a península coreana era um dos territórios de interesse para o aumento da influência comunista na região.

O presidente americano Harry Truman aproveitou o boicote** da URSS ao Conselho de Segurança da ONU e fez tal Conselho aprovar a intervenção militar das próprias tropas da ONU em meio ao conflito coreano. Sendo assim, o General Douglas MacArthur contraofensivamente atacou o território norte-coreano, até perto da fronteira com a China. As tropas chinesas responderam ao contra-ataque e forçaram as tropas de McArthur ao recuo no paralelo 38º.

**O boicote soviético ao Conselho foi por causa do não reconhecimento do mundo ocidental ao recém empossado regime comunista da China.

A morte do líder soviético Stalin, em 5 de março de 1953, contribuiu para as duas coreias assinarem um armistício, no mesmo ano, em uma vila chamada Panmunjon, entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, que produziu um cessar-fogo e ficou conhecido como Armistício de Panmunjon.

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Imagens da Guerra da Coreia. Fonte: Wikimedia Commons.

Importante ressaltar que Armistício é um acordo de cessar-fogo que geralmente precede um Acordo de Paz. No caso das coreias não houve acordo de paz, e por isso, a Coreia do Norte, em março de 2013 anunciou que irá romper todos os pactos de não agressão com a vizinha Coreia do Sul, assinados após a Guerra da Coreia, em 1953. A Coreia do Sul é aliada dos EUA e do mundo capitalista e avisou que qualquer ataque feito pelo país rival será respondido a altura, até a ponto de fazer a Coreia do Norte sumir do mapa.

O anúncio de rompimento do armistício acontece após uma série de testes nucleares feitos pela Coreia do Norte em fevereiro de 2013 e que provocaram mais sanções econômicas impostas ao país pelo Conselho de Segurança da ONU.

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Figura que mostra local de ataque em novembro de 2010, quando a marinha da Coreia do Norte fez disparos a ilha sul-coreana de Yeonpyeong, no mar Amarelo. Dois militares sul-coreanos morreram e 20 pessoas ficaram feridas. A figura serve também para mostrar o poder de fogo dos mísseis norte-coreanos.

A Coreia do Norte adota um regime político fechado e comandado pelo ditador Kim Jong-Um. Seu único aliado na atualidade é a China.

Portanto, diante dos fatos é pertinente pensar que há a eminência de uma guerra nuclear. Uma outra vertente vai na direção de uma (perigosa) estratégia geopolítica da própria Coreia do Norte para negociar com os EUA uma redução das sanções econômicas do Conselho de Segurança da ONU, que nos últimos tempos só têm aumentado, com o intuito de dificultar os financiamentos do programa nuclear norte-coreano.

Enquanto isso, soldados norteamericanos e sul coreanos estão em alerta máximo.

Veja abaixo reportagem sobre o assunto do Jornal do SBT de 12 de fevereiro de 2013.

Veja abaixo infográfico que mostra o estimado poder de fogo da Coreia do Norte.

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Fonte: Uol Notícias.

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