Geopolítica da 2ª Guerra – Origens da Guerra Fria

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O Congresso de Viena (1814/15) se reuniu com o intuito de manter um equilíbrio pluripolar na Europa, contendo o poder da França e mantendo a fragmentação da Alemanha. Essa ordem começa a entrar em crise com as revoltas  populares – contrárias ao absolutismo -, na Espanha e no reino das duas Sicílias (Itália), em 1820, mediante a revolução dos gregos contra o Império Turco-Otomano (1821/27), a independência de colônias na América do Sul (a partir de 1830) e a chamada Primavera dos Povos (uma série de revoluções liberais e nacionalistas contra abusos capitalistas acontecidas em 1848). A unificação alemã – acontecida em 1871 – só contribuiu para a crise do Congresso de Viena, que desmoronou no processo das duas grandes guerras do século XX (para entender todo o desdobramento geopolítico desse parágrafo clique aqui).

Adolf Hitler lutou no exército alemão da Primeira Guerra (1914-1918) e apesar de ser austríaco desenvolveu um nacionalismo alemão exacerbado. Não aceitou a negociação de paz (pela derrota na I Guerra) feita pelos democratas da futura República de Weimar (sistema de governo democrático e parlamentarista que substituiu o Império Alemão no pós Primeira Guerra). Continuou no exército e fundou o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nazi) até ser nomeado Chanceler da Alemanha em 1933. Em 1934, após a morte do presidente Hindemburg, unificou os poderes de Presidente e Chanceler e passou a se auto-intitular líder (Führer).

No discurso de Adolf Hitler para milhares de alemães, em 1935, nota-se o tom nacionalista e ditatorial que tomou a Alemanha até o final da Segunda Guerra.

Um elemento vital do apelo de Hitler era o sentimento de orgulho nacional ofendido pelo Tratado de Versalhes e imposto ao Império Alemão pelos aliados. O Império Alemão, no pós I Guerra, perdeu território para a França, Polónia, Bélgica e Dinamarca, e teve de admitir a responsabilidade única pela guerra, desistir das suas colónias e da sua marinha e pagar uma grande soma em reparações de guerra, um total de $6.600.000 (32 bilhões de marcos). Assinou – em 1933 – um acordo de não-agressão com a Polônia, pouco depois da Alemanha anunciar sua retirada da Liga das Nações*. Em 1935 remilitarizou a região da Renânia, desobedecendo acordos firmados ao final da Primeira Guerra.

*organização internacional homologada pelo Tratado de Versalhes (1919), quando as potências vencedoras da Primeira Guerra se reuniram para negociar um acordo de paz, que se baseou nos 14 pontos elaborados pelo presidente estadunidense Woodrow Wilson no ano de 1918. Por ter fracassado, devido à Segunda Guerra (1939-1945), foi extinta em 1942 e, após reunião em 1946, passou as responsabilidades para a recém-criada ONU – Organização das Nações Unidas.

Um fator que fortaleceu os regimes de extrema direita inspirados no fascismo foi a crise de 1929 ( conhecida como Grande Depressão ou quebra da bolsa de Nova Iorque), pois abalou a confiança de muitas pessoas na democracia representativa. Como resultado disso, grupos de direita inspirados no fascismo italiano assumiram o poder em vários países europeus, como na Hungria, em Portugal, na Polônia, na Iugoslávia, na Grécia, na Bulgária, na Lituânia, na Estônia e na Letônia. Na Áustria foi adotada uma Constituição fascista em 1933. Um caso especial constitui a Espanha, onde, em 1930, o rei abdicou do trono e a República foi proclamada, mas a Igreja e os grandes proprietários acusaram a república de trair a religião e as tradições do povo e, em 1936, após eleito um governo de Frente Popular (setores democráticos de esquerda), iniciou-se uma guerra civil liderada pelo general Francisco Franco, que reuniu as forças de direita e teve apoio de Mussolini e do governo da Alemanha nazista de Hitler. Depois de três anos de combates e 1 milhão de mortes, em 1939 a ditadura de Franco ocupou o poder em toda a Espanha (ARRUDA, PILETTI, p. 478, 479).

Em março de 1938, Hitler invadiu a Áustria (essa unificação político-militar em alemão chama-se Anschluss) e a converteu em uma província do Reich. Tal unificação foi aceita pelo primeiro-ministro do Partido Conservador Britânico, Neville Chamberlain, e do membro do Partido Radical Francês e primeiro ministro da França Édouard Daladier. Eles acreditavam que fazendo concessões a Hitler seria possível evitar uma nova guerra com a Alemanha. Essas concessões faziam parte do que chamavam de “política do apaziguamento”.

Em setembro de 1938, Hitler convocou a Conferência/Acordo de Munique, que contou com os líderes das maiores potências europeias da época e o objetivo era o futuro da Checoslováquia, vez que, havia sido despedaçada pelo acordo assinado por Hitler, Mussolini, Daladier e Chamberlain. O ajuste dava à Alemanha os Sudetos**, começando em 10 de outubro de 1938, e o controle efetivo do resto da Checoslováquia, desde que Hitler prometesse que essa seria a última reivindicação territorial da Alemanha. Em 10 de março de 1939, Hitler desobedeceu ao tratado e ordenou a invasão do resto da Checoslováquia (Boêmia e Morávia – situe em mapa que segue) e as tropas alemãs ocupam a capital Praga.

Mapa político da Europa Central. Detalhe para marcação da região dos Sudetos – Fonte: CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 120. Adaptação do prof. Marcos Brandão.

**cadeia de montanhas na fronteira entre a República Checa a Polônia e Alemanha. O termo designa também as populações de origem alemã dessas regiões.

Em agosto de 1939, Berlim e Moscou firmaram o Pacto Germano-Soviético (Tratado de não-agressão Germano-Soviético), que em dois protocolos secretos efetuaram a partilha dos territórios da Europa do Leste, decidindo que a Polônia deveria deixar de existir, passando o seu território para a Alemanha e para a URSS; que a Lituânia ficaria sob alçada Alemã (meses mais tarde a Alemanha trocou a Lituânia por outra zonas de influência, ficando a Lituânia sob alçada soviética); e que a Estônia e Letônia passariam para a URSS, bem como grande parte da Finlândia e vastas zonas da Roménia e Bulgária (exceto a Bulgária, todos os países citados para partilha foram criados pelo Tratado de Versalhes no pós Primeira Guerra – veja mapa aqui).

Mapa das invasões nazistas entre 1938/39. Ao invadir a Polônia, território criado no pós Primeira Guerra, através do Tratado de Versalhes, Hitler deflagrou a segunda Guerra Mundial. Fonte do mapa: http://pt.worldwar-two.net/galeria/247/

O ledo engano da “política do apaziguamento” causou a renúncia de Daladier em março de 1940 e, dois meses depois, foi a vez do primeiro ministro britânico Chamberlain renunciar e ser substituído por Winston Churchill.

O pacto Germano-Soviético foi rompido com a Operação Barbarossa (veja mapa que segue), quando a Alemanha invadiu a Russia em junho de 1941, durante a Segunda Guerra, começada em setembro de 1939, após a invasão alemã à Polônia.

Fonte: http://bancarrotablues.blogspot.com

Referências

ARRUDA, José Jobson de A. PILETTI, Nelson. Toda a história. São Paulo: Ática, 2007.

CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

MAGNOLI, Demétrio. O Mundo Contemporâneo. São Paulo: Atual, 2008.

Datas e fatos conferidos também no Wikipédia.

9 thoughts on “Geopolítica da 2ª Guerra – Origens da Guerra Fria”

  1. Não que eu seja nazista, mas achei esse discursso nacionalista do Hitler muito bonito e acho que os brasileiros deveriam ser nacionalistas também, no sentido de amar a sua pátria.

  2. Meu querido e eterno professor… não sei se lembra de mim por nome, mas fui sua aluna no 2ºE de 2010 no sigma, me mudei no meio do ano. Até hoje visito seu blog pra aprofundar meus conhecimentos pro vestibular! Bau, você é foda! Falo mesmo =]

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