Conterrâneos velhos de guerra foi o melhor documentário que assisti sobre Brasília, pois mostra o outro lado da construção. Vale a pena procurar e assistir para conferir! Recomendo!
Segue relato do Senador Cristovam Buarque sobre o documentário de Vladimir Carvalho.
Emoção e solidariedade
Por Cristovam Buarque – Escritor, professor ex-reitor da UnB e Senador da República.
Já assisti filmes que me emocionaram até os olhos ficarem molhados de lágrimas. E outros que estimularam a minha visão das injustiças do mundo, até tremer de raiva na cadeira. Mas não me lembro de nenhum que ao mesmo tempo tenha provocado tanto os sentimentos, de entender e de chorar, quanto Conterrâneos Velhos de Guerra, ele Vladimir Carvalho.
Além disso, o filme consegue criar um clima de eletricidade que parece perpassar ligando todo o público. Dando a todos uma espécie de identidade. Senti uma emoção comum a todos os assistes: tes, e ao mesmo tempo um sentido de responsabilidade, de culpa e muita de solidariedade.
O que provoca tudo isto é a qualidade que o filme tem. A coerência de uma única visão: como se tivesse sido filmado de uma única vez. E não ao longo de duas décadas. Há beleza plástica mesmo nas horas em que mostra as coisas mais feias que nossa sociedade produz. Isso, a meu ver, foi conseguido pelas cores e enquadramentos, mas sobretudo pela música e a sensível montagem.
A outra qualidade é a autenticidade. Não há nada mascarado, nada forjado para mostrar o mundo melhor ou pior do que ele já é. A câmera é neutra: a realidade é que parece ter raiva, sentir injustiça, ser ideológica.
Isto só se consegue nas grandes obras da literatura. Ou em filmes como Conterrâneos Velhos de Guerra. O seu autor está de parabéns. E nós também por sermos seus admiradores.