Sobre uma determinada semana… Em aulas sobre relevo para a 3ª serie do Ensino Médio, respondi uma dúzia de vezes à pergunta: professor, no Brasil tem montanha? Quando respondi que sim, alguns ficaram até desconfiados e só acabaram com a desconfiança após a explicação. A base teórica para tal segue abaixo, pois os livros didáticos pecam ao não citar movimentos orogenéticos bastante antigos no Brasil (Era Pré-Cambriana) e também pecam ao não deixar claro que, em nosso país, as montanhas são chamadas de morros e seu conjunto de serras que se mostram velhas, desgastadas e de baixas altitudes.
Serra do Mar, montanhas velhas com média de 800 m, resultantes da orogênese acontecida no fim do período Arqueozoico da Era Pré-Cambriana (diastrofismo huroniano) e da epirogênese acontecida nas eras Mesozoica e Cenozoica.
“Montanha: grande elevação natural do terreno com altitude superior a 300 metros e constituída por um agrupamento de morros. A orogênese é o ramo da geografia que estuda a origem e a formação das montanhas […] A Cadeia dos Andes é uma típica cadeia orogênica e de relevo jovem. Isto significa que foi pouco trabalhada pelos agentes de desgaste ou erosivos. No caso das chamadas serras brasileiras, o aspecto é bem diferente. As elevações são, de modo geral, de baixa altitude e os topos bastante regularizados pelo trabalho de desgaste… Montanhas velhas são aquelas que já sofreram o trabalho de vários ciclos de erosão, tendo suas formas e suas altitudes bastante suavizadas e rebaixadas […] As montanhas surgidas por revoluções orogenéticas laurenciana, huroniana, caledoniana ou herniciana [diastrofismos dentro da Era Pré-Cambriana] apresentam uma topografia rebaixada e intensamente desgastada… As montanhas produzidas pelo ciclo orogenético alpino são grandes cadeias ou cordilheiras, com picos aguçados e de relevo jovem. […] Na América do Sul, também o contraste entre as montanhas jovens da cadeia andina e as velhas montanhas desgastadas do Brasil Atlântico é bem marcante”.
GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 3.ed. Bertrand: Rio de Janeiro, 2003, p. 436 a 438.