MUDANÇA DE ESTILO
(Guia do Estudante, 2010, p. 57)
Barack Obama chega à Presidência dos EUA em meio a grandes dificuldades internas e externas, mas, à diferença de Bush, enfrenta os problemas com ênfase na diplomacia e na negociação
Seis meses depois da posse como presidente dos Estados Unidos (EUA), Barack Obama continua a impressionar plateias com um discurso vigoroso que fala em mudanças e em novas relações do país com as demais nações.
Expressões comuns durante o governo de George W. Bush (presidente de 2001 a 2009), como “guerra ao terror”, foram banidas do vocabulário presidencial, e há mais disposição para o diálogo com outros países. A mudança de estilo é inegável, mas a análise das ações efetivas mostra que, em muitos aspectos, as modificações são bem mais tímidas do que se previa.
Os analistas calculam que o presidente esteja enfrentando dificuldades enormes em seu início de governo. Além da grave crise econômica, precisa lidar simultaneamente com situações delicadas em várias partes do planeta, entre as quais o conflito que envolve Israel e os palestinos, as controvertidas eleições presidenciais no Irã, a pressão pelo fim do embargo a Cuba, o golpe em Honduras e os mísseis que a Coreia do Norte voltou a disparar.
Foi justamente na política externa que as modificações tiveram mais destaque. Marcado pelos atentados de 11 de setembro de 2001, Bush definiu-se como o “presidente da guerra”, e a alternativa militar estava sempre entre as opções de destaque para defender os interesses dos EUA no mundo.
Em nome desses mesmos interesses, Obama adotou outra estratégia, que enfatiza a diplomacia – inclusive em direção aos regimes que não têm a menor simpatia pelos EUA – e o multilateralismo, ou seja, a busca de acordos e parcerias com os países aliados para uma atuação conjunta.
A expressão mais repetida pelo presidente, dirigida tanto ao Irã quanto a Cuba, assim como ao “mundo muçulmano” em geral e à Federação Russa, é a de que seu governo deseja “um novo começo” nas relações recíprocas. De forma significativa, ele
se dispôs a retomar a indicação de embaixadores norte-americanos na Venezuela e na Síria, cujos governos se opõem aos EUA. Na América Latina, iniciou uma aproximação com Cuba.
Domínio militar
Seria incorreto, porém, dizer que, em oposição a Bush, Obama seja o “presidente da paz”. Durante a sua campanha para presidente, ele prometeu que retiraria as tropas norte-americanas do Iraque até maio de 2010. No governo, porém, anunciou que manterá entre 35 mil e 50 mil soldados em território iraquiano até o fim de 2011. Essa decisão foi aplaudida pela oposição (Partido Republicano) e deixou incomodados vários dirigentes do Partido Democrata, o mesmo de Obama.
Tropas norteamericanas no Afeganistão. Fonte: www.enciclopedia.com.pt/…/AP2002-5412.jpg
Além disso, a retirada do Iraque será acompanhada do reforço de pelo menos 21 mil soldados norte-americanos no Afeganistão, país que, como seu vizinho Paquistão, se tomou o centro da estratégia militar no novo governo. Em julho deste ano, os EUA iniciaram a maior ofensiva militar no Afeganistão desde que o país foi ocupado, em 2001.
Os gastos militares sob Obama irão até mesmo crescer um pouco. Na proposta de Orçamento de 3,55 trilhões de dólares que o presidente apresentou para o ano fiscal de 2010 (outubro de 2009 a setembro de 2010), o valor destinado à Defesa é de 664 bilhões de dólares, um aumento de 1,5% em relação ao orçamento anterior. O presidente deixou claro, em discurso pronunciado em Washington, em março: “Não tenham dúvidas, este país vai manter o seu domínio militar”.
Segundo o Instituto internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo (Sipri), as despesas militares mundiais em 2008 totalizaram 1,46 trilhão de dólares, dos quais 607 bilhões de dólares foram gastos pelos norte-americanos.
Guantánamo
Uma das primeiras medidas anunciadas por Obama foi o fechamento, no prazo de um ano, da prisão na base militar de Guantánamo, em Cuba (veja mapa), para onde o governo Bush enviou centenas de prisioneiros acusados de ligação com o terrorismo. Essa diretriz se mantém vigente, mas, nos meses seguintes, outras iniciativas anunciadas nessa área acabaram sendo revertidas, deixando a sensação de que o combate ao terror não sofreu tantas mudanças em relação ao governo anterior.
Mapa da ilha de Cuba com Guantanamo ao Sul. Fonte: www1.folha.com.br/…/20060802-mapadecuba.gif
Obama baniu a prática de tortura nos prisioneiros e, inicialmente, suspendeu as comissões militares encarregadas de julgar esses presos por fora do sistema judicial dos EUA. Ao fim de quatro meses, porém, anunciou que as comissões continuarão. Além disso, mantiveram-se os programas da CIA (agência de inteligência norte-americana) de transferência de presos para nações nas quais eles não possuem direitos legais e a detenção por tempo indeterminado, sem julgamento, de suspeitos de vinculação com o terrorismo. Todas essas medidas, que dão prosseguimento ao que Bush fez, foram duramente criticadas por entidades de defesa dos direitos humanos.
A própria sorte dos detidos é incerta – o grande problema para que seja cumprida a decisão de fechamento da prisão é saber para onde vão os cerca de 240 presos. A União Europeia dispôs-se a ajudar os EUA, recebendo alguns deles, com base em pedidos especiais do governo norteamericano. A ida de presos de Guantánamo para prisões no interior do território norte-americano, por outro lado, sofre forte oposição de políticos, o que torna a solução do problema uma dificuldade a mais para o governo. Outro obstáculo é a resistência das cortes militares quanto à revisão dos procedimentos jurídicos adotados até agora.
Planos econômicos
Na política interna, Obama teve de se concentrar em iniciativas que procuram dar conta da grave crise econômica vivida pelos Estados Unidos (veja gráfico que segue), considerada a pior desde a Grande Depressão, em 1929. O governo norteamericano destinou vultosa soma para ajudar bancos, seguradoras e empresas de financiamento imobiliário. A primeira grande ação do novo governo foi um pacote de estímulo à economia, no valor de 787 bilhões de dólares, aprovado pelo Congresso em fevereiro.
O governo apresentou ainda um plano de salvamento dos bancos, com o objetivo de retirar cerca de 1 trilhão de dólares dos “ativos tóxicos” das instituições financeiras, permitindo que retomem a concessão de empréstimos. Ativos tóxicos são títulos que tinham como garantia, em geral, os negócios imobiliários que entraram em colapso em 2008. O nome deles é esse porque são papéis que perderam o valor e arrastaram quem os possui para a crise. Nessa mesma área, Obama propôs uma reformulação do mercado financeiro norte-americano, a mais ampla desde a década de 1930. Se essa proposta for aprovada pelo Congresso, serão aumentados os poderes de fiscalização do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).
Um sério problema social é o das pessoas que compraram casa por meio de financiamento e não conseguem mais pagar as prestações, por causa da elevação dos juros. As ações de despejo por falta de pagamento atingiram milhões de norteamericanos, desde 2008, e tornaram-se a causa de alguns dos episódios mais dramáticos da crise, com cenas de famílias e todos os seus pertencentes jogados na rua, em frente à residência vazia.
Pressionado pela amplitude do problema social, o governo anunciou medidas de refinanciamento dos empréstimos imobiliários, com o objetivo de reduzir o valor das prestações e tentar deter os despejos. Analistas afirmam, contudo, que as medidas não tiveram impacto significativo. Em abril deste ano, o número de notificações de despejo subiu 32%, em comparação com o mesmo mês de 2008.
Outra iniciativa social, mais abrangente, é a proposta de gastar 634 bilhões de dólares, no decorrer de 10 anos, para uma ampla reforma do sistema de saúde dos EUA. Essa era uma das principais bandeiras da campanha eleitoral de Obama.
O projeto é eliminar algumas das deduções dos impostos dos mais ricos, aprovadas durante o governo de George W Bush, para levantar os recursos necessários à reforma e criar um fundo de saúde pública de acesso universal. Estima-se que 47 milhões de norte-americanos não tenham acesso a nenhum tipo de seguro-saúde.
Intervenção do Estado
A crise econômica provocou uma intervenção inédita do Estado na economia norte-americana. A ajuda maciça a empresas teve início no fim do governo Bush. Obama seguiu a mesma linha, e o resultado é que o governo se tornou grande acionista de bancos, como o Citigroup, e de companhias automobilísticas, como a GM e a Chrysler. As duas pediram concordata em razão de dificuldades financeiras. Obama apresentou várias exigências para sua recuperação, que abrangem um corte severo de custos e de empregados, com o fechamento de fábricas. Além disso, o próprio sindicato dos trabalhadores automobilísticos (cuja sigla é UAW) foi chamado pelo governo a colaborar, investindo parte do fundo de pensão dos empregados na compra de ações das empresas e aceitando a redução de salários e benefícios.
Sede da GM em Detroit, Michigan, EUA.
Muitos críticos dizem que o governo Obama promoveu a estatização dessas companhias, mas essa avaliação não procede. Para efeito de comparação, vemos que alguns governos de esquerda da América Latina, como o de Hugo Chávez, da Venezuela, e o de Evo Morales, da Bolívia, promoveram a estatização de empresas multinacionais que atuavam em setores estratégicos da economia, como os de petróleo, gás e telefonia. O argumento para essa ação é a necessidade de que a gestão de recursos do país passe permanentemente para as mãos do Estado. No caso dos EUA, nem Bush nem Obama defendem isso – a intervenção busca sanear as empresas, para torná-las novamente lucrativas e devolvê-las ao mercado.
O próprio Obama, em abril, afirmou: “Eu não quero dirigir empresas de automóveis, não quero controlar bancos. Já tenho de controlar duas guerras. Tenho mais do que o suficiente para fazer. Portanto, quanto antes sairmos desse negócio, melhor. Vivemos circunstâncias únicas. Havia o potencial colapso do sistema financeiro, que teria dizimado a nossa economia, portanto tivemos de intervir”.
De todo modo, a iniciativa de ajuda às empresas e bancos é muito criticada por parcela considerável da população norteamericana, para a qual o dinheiro público está sendo investido na solução dos problemas de banqueiros e de grandes empresários falidos, enquanto milhões de pessoas comuns perdem o emprego e não têm auxílio equivalente.
Desde que os EUA entraram oficialmente em recessão, em dezembro de 2007, até junho de 2009, 6,5 milhões de norte-americanos perderam o emprego. O índice de desemprego atingiu, em junho, a marca de 9,5%, elevando o total de desempregados a 14,7 milhões de pessoas.
Os EUA nem sabem mais porque estão engajados nestas guerras. Domínio militar para quê? Trilhões de dólares gastos com que finalidade? É um povo perdido, não sabem nem ao menos o porque dessas ações absurdas. Obama possui um discurso muito humanista, o que não combina em nada com o povo americano. Agora que está lá, ele percebe que o povo não quer paz e sim a guerra, não querem igualdade, mas sim mostrarem que são diferentes, superiores. São seres que perderam a humanidade, tornaram-se uma uma subespécie. É claro que “para toda regra há uma exceção”
O discurso do Obama não condiz com suas atitudes que são muito parecidas com as do antecessor Bush Junior. Quanto ao povo norteamericano acho que exagerou!
Sempre sou muito sincera em minhas opiniões, às vezes bem radical. rs Eu acredito que Obama gostaria de mudar a política de guerra dos EUA, mas não é fácil, guerrear é o principal valor da nação. Essa contradição entre o discurso dele e suas ações, acredito que acontece, justamente, porque ele deve estar sofrendo uma pressão muito grande para deixar as coisas como estão. Ele não quer contrariar o partido republicano.
o governo copiou as apostilas distribuidas para os alunos do ensino medio
deste site……apostila”guia do estudante atualidades vestibular + enem”
isso significa que qualquer estudante poderá pegar e copiar trabalhos escolares da internet sem q o professor faça reclamações OK?!!
Cara Ligia,
Copiar torna-se errado e até crime se você não cita a fonte de onde tirou o texto, figura, mapa, gráfico etc.
Por exemplo, a ideia desse blog é reunir em um único local informações ligadas à geografia para facilitar a vida do aluno. Por isso note que ao final de cada texto tem a fonte citada ou quando modifico o texto acrescentando informações é colocada a palavra “adaptado de…” antes da fonte.
Quanto às apostilas do governo que você se refere, repare que deve ter a fonte (se copiaram daqui terá a fonte seguida da palavra apud marcosbau.wordpress.com).
Por isso o aluno não pode copiar trabalhos escolares, pois sem a devida fonte, isso significaria tentativa de enganar o professor. Nesse caso, mesmo com a fonte citada significa que você não fez! Como o professor te avalia pelo que não fez?