Estrutura da Terra e vulcões

Estrutura da TerraLink relacionado: Estrutura geológica do Brasil

Os elementos que constituem a Terra foram se agrupando em camadas concêntricas com diferentes composições químicas, segundo seu peso e densidade. Quanto maior for a profundidade, maior será a densidade, devido à pressão.

A estrutura do planeta Terra pode ser comparada a um ovo: a casca, extremamente fina, seria a crosta terrestre, com uma espessura média de 25km (por volta de 6km em algumas partes do assoalho oceânico e de 70km nas regiões de cadeias montanhosas). O manto, com 2.870km de espessura, é formado por magma pastoso e denso, em estado de fusão, e pode ser comparado à clara do ovo. Por fim, o núcleo, comparável à gema, é a parte mais densa do planeta, formado predominantemente por níquel e ferro (NIFE), e é subdividido em núcleo externo em estado de fusão e núcleo interno em estado sólido devido à grande pressão (veja figura que segue).

Comportamento físico da Terra. Quanto à composição química, o manto é dividido em litosfera, astenosfera e mesosfera e o núcleo em externo e interno. Fonte: Revista Veja.

Vulcões

Situe os vulcões no mundo pelo Google Earth clicando aqui.

Existem dois tipos básicos de vulcão: o explosivo e o não explosivo. 0 primeiro aparece nos pontos de encontro das placas tectônicas, os grandes blocos que formam a litosfera – Seu melhor exemplo está nos vulcões que desenham o Cinturão de Fogo, em torno do oceano Pacífico (veja vídeo que segue do vulcão Chaitén, no chile). Esse tipo se caracteriza também pela lava quase sólida, além de expelir poeira e uma mistura de gases e vapor d’água. A lava desses vulcões vem das profundezas da Terra, onde a temperatura elevada derrete a rocha da crosta oceânica e faz com que ela se misture à água do mar. É justamente a presença de água que confere o caráter explosivo a esse tipo de vulcão. Isso ocorre porque, conforme a lava sobe, o vapor d’água é liberado da rocha e esbarra numa tampa formada pelo material endurecido da explosão anterior, aumentando a pressão até explodir de vez (veja figura que segue).

Clique na imagem para uma melhor visualização. Fonte: Guia do Estudante 2010, p. 39.

já os vulcões não explosivos, como os do Havaí, ficam bem no meio de uma placa tectônica, longe do choque entre elas. Esse tipo surge quando ocorre alguma fissura na crosta terrestre por onde a lava pode escorrer. Essa lava é mais líquida e incandescente. Há ainda outro tipo de vulcão não explosivo, que pode aparecer no fundo do mar, a grandes profundidades. As cinzas lançadas pela erupção de vulcão explosivo na Islândia provocaram fechamento de aeroportos na Europa na manhã da quinta-feira de 15 de abril de 2010. A situação provocou caos aéreo na Grã-Bretanha que refletiu em outras partes do mundo. Os três aeroportos de Londres, na Inglaterra, anunciaram suspensão de vôos a partir das 8h de Brasília.

Vídeo do programa Fantástico sobre vulcão da Islândia, situado na Dorsal Mesoatlântica, limite divergente de placa tectônica que explica a separação dos continentes ou deriva continental.

O Serviço de Controle de Tráfego Aéreo impôs restrições às operações, porque as cinzas além de reduzir drasticamente a visibilidade dos pilotos dos aviões poderiam danificar e até parar os motores das aeronaves, causando acidentes (veja figura que segue).

Clique na imagem para uma melhor visualização.

Coisa similar ao que foi explicado no parágrafo anterior aconteceu no Chile em junho de 2011. A nuvem de fumaça do vulcão Puyehue fechou aeroportos do Chile, Uruguai, Argentina, Paraguai e até da região Sul do Brasil (veja figura que segue).

Reportagem sobre outro vulcão no Chile, o Chaitén, que ao entrar em erupção também afetou o Uruguai e a Argentina.

 

Fonte: Infográfico do vulcão Puyehue, Chile (erupção em jun 2011). Fonte: Revista Istoé nº2170, 15 jun 2011, p. 110.

O Brasil não possui nenhum vulcão hoje. Mas isso não quer dizer que nunca tivemos nossas montanhas de fogo. Nosso vulcão mais antigo já descoberto soltava lava na Amazônia há 1,9 bilhão de anos (era Pré-Cambriana); essa descoberta deu ao Brasil o título de ter o vulcão mais antigo do planeta. Bem depois disso, cerca de 150 milhões de anos atrás, na era Mesozoica, havia na América do Sul uma grande fissura que ia do estado de Mato Grosso até a Argentina-na região em que atualmente corre o rio Paraná. Dessa enorme rachadura, escorreu uma quantidade de lava que se acumulou da cidade de Santos (SP) até a cordilheira dos Andes, na maior atividade vulcânica do planeta na época. Outro exemplo curioso é o da cidade de Poços de Caldas (MG), que está situada na cratera de um vulcão extinto.

pocosdecaldas

Demarcação do vulcão extinto em que a cidade de Poços de Caldas/MG está inserida.

Por fim, é sempre bom lembrar: apesar do caráter dramático de muitas erupções, a atividade vulcânica está longe de ser um mal com o qual a humanidade precisa aprender a conviver. Ao contrário, o vulcanismo está entre os agentes internos do globo terrestre que ajudaram – e ainda ajudam – a dar forma ao relevo da Terra.

Grandes erupções vulcânicas já tiveram efeito refrigerador no clima da Terra. O resfriamento vulcânico pode causar uma quebra temporária nos efeitos das emissões de gases estufa antropogênicas, apontadas como responsáveis pelas mudanças climáticas. O resfriamento se explica por uma fórmula simples: o vulcão libera grande quantidade de cinzas vulcânicas e dióxido de enxofre, que são transportados para a estratosfera, camada da atmosfera acima da troposfera, a mais próxima da superfície. Lá, fenômenos físico-químicos criam uma fina camada de partículas esbranquiçadas que, durante meses ou anos, circundam a Terra e refletem parte dos raios solares, impedindo que a radiação atinja o solo.

Clique na imagem para uma melhor visualização.

Texto e figuras adaptadas do Portal G1, Folha Online, Guia do Estudante Geografia, 2010, p. 38, 39 e Revista Veja, Apesar do “lugar comum”, edição 2161.

155 thoughts on “Estrutura da Terra e vulcões”

  1. Nossa, este site deveria ser mais divulgado, é nota 1.000… Parabens!!!

    Tenho algumas curiosidades:

    1 – nas aberturas entre as placas tectonicas no fundo do mar por exemplo, por que o magma não mistura com a água?

    2 – o magma que já foi expelido e solidificado causou o que: aumentou qnt acima e reduziu magma no interior… vai chegar um momento em que a Terra vai murchar? Imagina o ar saindo de uma bola……

    3 – como é que se estuda o interior da Terra, o núcleo por exemplo, sendo que é impossível chegar lá? (desculpe, esta última pergunta pode ser meia ignorante, mas tenho esta curiosidade)

    Muito obrigado!!!!

    Abraço

    1. Eu é que agradeço muito os elogios Samuel!
      Quanto às suas curiosidades, vamos a elas:

      1 – O magma não se mistura com a água do mar, pois é composto por rocha fundida (a sílica predomina) que quando entra em contato com o oceano se solidifica e forma uma rocha ígnea ou magmática;

      2 – Não há possibilidade da Terra murchar, pois a pressão interna do magma associada ao ciclo das rochas não permite que as rochas afundem. O magma que foi expelido solidifica formando rochas e o movimento faz com que as rochas em limites convergentes mergulhem novamente e se dissolvam no magma. Por isso que o magma não vai acabar causando um “murchamento” da Terra;

      3 – Com a tecnologia que temos, o homem só conseguiu chegar a aproximadamente 13 mil metros de profundidade penetrando na rocha. Tudo que sabemos da astenosfera (camada em que se encontra o magma pastoso) se dá através de estudos de vulcões e tipos de rocha – A composição do núcleo (extremamente sólido e composto por níquel e ferro) é estimada pelo comportamento da pressão exercida pelo magma em cima da crosta.

      Espero ter ajudado nas suas dúvidas. Abraço!

  2. Sou professora e estou fazendo um projeto sobre os vulcões com meus alunos, uma das curiosidades deles é saber se existe lava dentro de um vulcão enquanto ele não está ativo?

    1. Olá colega Laísla!
      Abaixo da crosta – que tem espessura entre 5 e 70km – está a astenosfera que é composta por lava. a atividade vulcânica se forma na junção de placas e onde as rochas estão mais fracas e suscetíveis a pressão do magma.
      Portanto, a resposta é sim, existe lava dentro de um vulcão que ainda não entrou em erupção – mesmo nos vulcões extintos existe a lava abaixo da crosta, mas os vulcanólogos afirmam que a pressão é que não é mais suficiente para uma erupção.
      Para enriquecer o projeto veja infográfico do vulcão do Chile que entrou em erupção esse mês: http://twitpic.com/5apz7y

      1. Obrigado professor, sua resposta foi muito útil para nosso projeto. Estive pesquisando sobre quantos vulcões ativos existem no mundo, mas as pesquisas trazem números diferentes, então gostaria de saber se é certo afirmar que hoje existem no mundo1500 vulcões ativos, sendo que 550 estão em terra e o restante no oceano?
        Parabéns pelo site, é maravilhoso. Obrigado pela atenção e dedicação.

        1. Fico lisongeado por comentário elogioso de uma colega de profissão e também agradeço muito Laísla, pela visita, palavras sobre o blog e participação nos comentários.
          Pesquisei sua resposta e me baseei pelo Volcano Discovery (empresa com sede na Europa que presta serviços sobre vulcões a CNN, National Geographic, Discovery Channel e the BBC) e Museu Smithsonian em Washington D.C. nos EUA (links relacionados abaixo da mensagem) que dizem o seguinte:
          “Existem provavelmente milhões de vulcões que foram ativos durante todo o tempo geológico da terra. Durante os últimos 10.000 anos, há cerca de 1.500 vulcões conhecidos ativos em terra. Há um número ainda maior de vulcões submarinos que são desconhecidos. Atualmente, existem cerca de 600 vulcões que são conhecidos pelas erupções no nosso tempo histórico. Por ano, cerca de 50-70 vulcões entram em atividade (em erupção). Em dado momento (ou nesse momento), há uma média de cerca de 20 vulcões que estão em erupção.” Traduzido de http://www.volcanodiscovery.com/volcanoes/faq/how_many_volcanoes.html
          Outra fonte pesquisada para certificação de conteúdo: http://www.volcano.si.edu/faq/index.cfm?faq=03

          Espero ter contribuído mais uma vez para o projeto e boa sorte com seus alunos!

    1. Olá Luís e obrigado pelas palavras!
      Um vulcão se torna inativo quando não está mais nas bordas da placa tectônica. Exemplo disso são os vulcôes que existiam no Brasil – depois da separação da África da América do Sul (deriva continental), os vulcões se tornaram extintos porque o limite foi transferido para o centro do oceano.
      Quanto a vulcões que estão em bordas de placas e não estão em atividade há anos, os vulcanólogos não chegam a um consenso quanto ao conceito de vulcão ativo. O de Yelowstone nos EUA é um exemplo, pois a última atividade foi há 2 milhões de anos atrás e desde esse tempo só entrou em atividade 2 vezes (a última há 70 mil anos).

Deixe uma resposta para leticiaCancelar resposta