Hidrelétrica de Belo Monte – Rio Xingu/PA


O Conflito de Belo Monte

Prof. Marcos Brandão, com dados do Le monde Diplomatique, março de 2011, p. 8, 9.

A usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, Pará, se concluída, será a terceira maior do mundo. Um projetode engenharia da década de 1970 que previa a construção de seis grandes hidrelétricas ao longo do rio Xingu (o conjunto de barragens alagaria uma área de 20 mil Km2 –  o equivalente ao estado de Sergipe).

Comunidades indígenas e ribeirinhas que vivem às margens do rio protestaram junto com o nascente movimento socioambientalista brasileiro em 1989.  A repercussão mundial fez com que os financiadores internacionais recuassem e como o Brasil não tinha condições de tocar o projeto sozinho foi obrigado a engavetar. A mudança no projeto original surge em 2003 com a afirmação de que não alagaria uma área tão grande quanto a anterior (o lago que seria de 1.200km2 passou a ser menos de 600km2 e não haveria as demais hidrelétricas do projeto original).

Há previsão de 11,2 mil megawatt de potência instalada, mas alternando as épocas de cheia e seca, a média não passa de 4.571 megawatt (na época seca, 1.172MW com a maioria das turbinas ociosa), pois Belo Monte não terá reservatório de acumulação – como existe em outras hidrelétricas – por alagar uma área menor.

 O custo estimado é  de 19 bilhões de reais, mas o BNDES que é o principal financiador admite que não custará menos do que R$ 25,9 bilhões. Os sócios majoritários de Belo Monte são todos empresas públicas (do grupo Eletrobrás) e fundos de pensão de empresas estatais (sobretudo do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal) regados a financiamentos públicos do BNDES, ou seja, o risco é público e o lucro, privado.

 Em tamanho ficará atrás apenas da chinesa Três Gargantas e da binacional (Brasil e Paraguai) Itaipu. Muitos duvidam, entretanto, na possibilidade do grupo honrar o acordo de oferecer energia tão barata, com uma tarifa-teto de 83 reais o megawatt-hora, abaixo do estimado pelo mercado para esse tipo de empreendimento na região amazônica. Pelo menos 15 processos judiciais tramitam atualmente, questionando a viabilidade econômica da obra e os impactos sociais e ambientais para a região. A celeuma deu origem, basicamente, a dois grupos: os defensores de Belo Monte, que vêem na obra ganhos econômicos, desenvolvimento regional e afastamento do risco eminente de apagão; e os críticos de Belo Monte, que vêem na obra risco à sustentabildiade social ambiental da região amazônica, e do Brasil.

Clique aqui e entenda a construção da hidrelétrica.

Belo Monte

Por Eduardo Tavares | 16.10.2009 | 09h01 para o Portal Exame.

A polêmica em torno de Belo Monte é tão grande quanto suas dimensões. Com capacidade de produção de 11.200 megawatts, Belo Monte será a segunda maior usina hidrelétrica do Brasil, atrás apenas da binacional Itaipu (14.000 MW). A discussão em torno de sua construção, no entanto, dura quase 30 anos. Entre seus opositores já estiveram figuras tão distintas quanto o cantor Sting e o cacique Paulinho Paiakan, além de índios furiosos que golpearam a facão um funcionário da Eletrobrás. Do lado oposto, estão as maiores empreiteiras e empresas de energia do país, interessadas em construir a hidrelétrica, além do governo, que argumenta que apenas o início da construção da usina será suficiente para manter os preços da energia mais baixos no Brasil nos próximos anos.

Outras fontes…

Em abril de 2010, para o Portal Exame, o presidente Lula destacou que o potencial hídrico do país gira em torno de 260 mil megawatts (aproveita-se aprox. 30% desse potencial) e que seria “insano” substituir tal produção por termelétricas a óleo diesel, por exemplo. Informou ainda que a área ocupada pela usina será 60% menor do que inicialmente previsto e 16 mil pessoas devem ser deslocadas da região. “Obviamente que sempre vai ter aqueles que não querem que a gente faça para poderem encontrar um culpado”, disse o presidente, ao se referir ao que chamou de “indústria do apagão”.

Segundo especialistas entrevistados pelo portal G1 (20/04/2010), embora tenha capacidade instalada de 11 mil MW, o que a tornará a segunda maior hidrelétrica do país, Belo Monte tem energia firme (que pode ser assegurada já prevendo os períodos de seca) de 4,4 mil MW, 40% da capacidade. Na maior usina do país, a binacional Itaipu, que tem 14 mil MW de capacidade, a energia firme representa 61%. Na segunda maior atualmente, Tucuruí – que perderá a posição para Belo Monte -, o percentual é de 49%.

Fonte: CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS – ELETROBRAS. Sistema de informação do potencial hidrelétrico brasileiro – SIPOT. Rio de Janeiro, abr. 2003.
Nota: os números correspondem aos códigos das sub-bacias, como indicado na Tabela 4.2 (final do post).

Os movimentos sociais e as lideranças indígenas da região são contrários à obra porque consideram que os impactos socioambientais não estão suficientemente dimensionados. Exemplos infelizes como a construção das usinas hidrelétricas de Tucuruí (PA) e Balbina (AM), as últimas construídas na Amazônia, nas décadas de 1970 e 1980, estão aí de prova. Desalojaram comunidades, inundaram enormes extensões de terra e destruíram a fauna e flora daquelas regiões. Balbina, a 146 quilômetros de Manaus, significou a inundação da reserva indígena Waimiri-Atroari, mortandade de peixes, escassez de alimentos e fome para as populações locais. A contrapartida, que era o abastecimento de energia elétrica da população local, não foi cumprida. O desastre foi tal que, em 1989, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), depois de analisar a situação do Rio Uatumã, onde a hidrelétrica fora construída, concluiu por sua morte biológica. Em Tucuruí não foi muito diferente. Quase dez mil famílias ficaram sem suas terras, entre indígenas e ribeirinhos. Diante desse quadro, em relação à Belo Monte, é preciso questionar a forma anti-democrática como o projeto vinha sendo conduzido, a relação custo-benefício da obra, o destino da energia a ser produzida e a inexistência de uma política energética para o país que privilegie energias alternativas (Instituto Socioambiental, ISA).

Fonte: CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS – ELETROBRAS. Sistema de informação do potencial hidrelétrico brasileiro – SIPOT. Rio de Janeiro, abr. 2003.

Fonte da animação em flash: Portal G1.

53 thoughts on “Hidrelétrica de Belo Monte – Rio Xingu/PA”

  1. Um projeto estratégico do tamanho e da complexidade de Belo Monte gera uma série de dúvidas, ansiedades e discussões.
    As pesssoas por não conhecer profundamente o empreendimento, acabam o criticando. É normal e até saudável que isso tenha acontecido.
    Por isso é que estamos aqui: para iniciar o debate, tirar dúvidas e ampliar os questionamentos.
    Acreditamos que assim, com esse canal de comunicação aberto, tornaremos o projeto da Usina de Belo Monte um projeto melhor para todos os brasileiros e é claro, melhor para o futuro do Brasil.
    Nossa idéia é ir construindo Belo Monte junto com vocês.

    Inscreva-se no nosso canal no Youtube, visite-nos no Facebook ou mande sua dúvida pelo twitter @uhebelomonte

    1. Olá,
      Minha opinião daria um outro post sobre o assunto, mas, sendo o mais sucinto possível posso dizer que apesar do país precisar da geração de energia (e a hidráulica é das mais baratas) é necessário uma maior discussão sobre os impactos socioambientais causados e que estão explicitados no texto.

  2. é em minha opinião este projeto está muito precipitado por que, temos que pensar também na natureza e nos povos índigenas. no meu ponto de vista não vale apena produzir este projeto agora mesmo que não vale apena porque todo o ano o rio seca e ai como fica pelo menos esta hidrelétrica vai funcionar pelo menos 4 meses por ano, na minha opinião deveriam pensar em outros meios de construir esta Hidrelétrica, Porque deveriam pensar não so em si mesmo mais sim no próximo porque os índigenas também são seres humanos e devem ser respeitado no meio da civilização, e não devemos tratar eles como indigentes afinal eles também tem carater e devem ser respeitados.

  3. Com tantas ongs daqui e de fora, Globo, Folha, padres, atores e cineastas contra a usina … acho que vou ficar a favor! Usam argumentos falsos: emissão de metano (os igarapés e as bacias pantaneiras emitem muito mais metano), ocupar terras indígenas (a usina não ocupa terra indígena), problema com a navegabilidade do rio (barragens regularizam a vazão, diminuindo os picos de cheias e vazantes), problemas com a pesca (como se não pudessem construir viveiros para que os índios e ribeirinhos sigam pescando), direcionamento da energia (quando o sistema é interligado nacionalmente), etc. Teriam que, no mínimo, trazer argumentos válidos. Houve quatro audiências locais, tentaram impedi-las de ocorrer para depois dizer que ‘os índios e moradores não foram ouvidos’. Há contrapartidas sociais e ambientais previstas. A hidroeletricidade é limpa e renovável, muito mais barata que a eólica e solar, além de ser abundante no Brasil. O Brasil consome bem menos energia per capita que o Chile, Argentina, países europeus e Estados Unidos. Escolas, hospitais e lares também dependem de energia … pronto, falei! rs

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