Relevo Brasileiro



Morfologia da Superfície Terrestre

Texto relacionado: Estrutura Geológica do Brasil

 

O relevo terrestre tem como suas principais formas as montanhas, os planaltos, as planícies e as depressões.

Clique, veja  e trace perfis em ArcGIS Viewer do relevo de cada região no mapa mundi.

  • Montanhas – São formas de relevo que apresentam altitude acima de 300 metros. Quanto à origem, as  montanhas são resultado de dobras por movimento orogenético em limite convergente de placa tectônica. Quanto à idade podem ser antigas e recentes. Muitas vezes, as montanhas recentes/modernas formam cadeias com quilômetros de extensão que chamam-se cordilheiras.

Montanha, no sentido clássico, é o resultado de movimento interno chamado orogênese, isto é, dobramento causado por limite convergente de placas tectônicas. As montanhas velhas são resultado de dobramento acontecido na era Pré-Cambriana (no caso do Brasil, a orogênese aconteceu há 650 milhões de anos) e as montanhas jovens são resultantes de dobramentos recentes acontecidos na era Cenozoica (ex: o Himalaia se formou há 50 milhões de anos, no terciário da Cenozoica). No sentido hipsométrico, as montanhas antigas partem de elevação acima de 300 metros. Conforme o Dicionário Geológico e Geomorfológico do prof. Antônio José Teixeira Guerra, não devemos classificar como montanhas as elevações formadas por movimentos epirogenéticos (ex: planaltos em formato de chapada) ou pelo derrame de lava dos vulcões na borda da cratera, formando o que se intitula cone vulcânico. Em suma, para ser montanha deve haver movimento orogenético (dobramento em limite convergente de placa tectônica).

  • Planalto – Superfície elevada mais ou menos plana, delimitada por escarpas, onde o processo de desgaste ou degradação supera o de deposição de sedimentos. Entendemos por escarpa, uma rampa ou aclive que surge nas bordas de planaltos e serras. Os planaltos apresentam feições de morros, serras, colinas, chapadas e escarpas. Erosão > sedimentação.
  • Planície – É uma extensão de terrenos mais ou menos planos, onde os processos de agradação, ou seja, de acumulação de sedimentos, superam os de desgaste ou de degradação. Sedimentação > erosão.
  • Depressão – Área ou porção do relevo que – por processo erosivo ou por movimento epirogenético de soerguimento/rebaixamento da crosta – se situa abaixo do nível do mar (depressão absoluta) ou apenas dos terrenos que a circundam (depressão relativa). Sendo mais direto no conceito, depressão é uma área mais baixa que os terrenos circundantes, como está mostrado na figura abaixo.

Formas de relevo. Fonte: ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. 4ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2004, p. 335.

Relevo Brasileiro

Os mapas mais antigos são dos professores Aroldo de Azevedo (definiu conceito de planalto e planície pelas cotas altimétricas) e Aziz Ab´Sáber (definiu conceito de planalto e planície pelos processos de erosão e sedimentação), mostrados respectivamente abaixo.

Mapa do Brasil hipsométrico. Fonte: ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. 4ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2004.

Baseando-se nas classificações do professor Aroldo de Azevedo (1949), do professor Aziz Ab´Sáber (1962) e nos mapas e relatórios elaborados pelo projeto Radam-Brasil, o professor Jurandyr Ross propôs em 1989, uma nova divisão do relevo brasileiro composto por 28 unidades, divididas em onze planaltos, seis planícies e onze depressões (vide figura que segue).

As unidades do relevo conforme prof. Jurandir Ross, 1989, unidades morfo-esculturais. Fonte: ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. 4ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2004, p. 334.

Planaltos

Compreendem a maior parte do território brasileiro, sendo a grande maioria considerada vestígios de antigas superfícies erodidas. Podemos considerar alguns tipos gerais (use o mapa que segue para situar a hipsometria geograficamente):

  • Planaltos em bacias sedimentares, como o da Amazônia Oriental (nº1 no mapa anterior) e os das bacias do Parnaíba e Paraná (nºs 2 e 3 respectivamente no mapa anterior). Podem ser limitados por depressões periféricas, como a Paulista, ou marginais, como a Norte-Amazônica (nº13 no mapa anterior).
  • Planaltos em intrusões e coberturas residuais de plataforma (escudos). São formações antigas (dobramentos, serras) da Era Pré-Cambriana, que possuem grande parte de sua extensão recoberta por terrenos sedimentares como os planaltos residuais Norte-Amazônicos, também chamado de planalto das Guianas (nº5 no mapa anterior).
  • Planaltos em núcleos cristalinos arqueados, com formas arredondadas, estão isolados e distantes como o planalto da Borborema (nº10 no mapa anterior).
  • Planaltos dos cinturões orogênicos. Originados pela erosão desde a Era Pré-Cambriana. As serras do Mar, Mantiqueira e Espinhaço são exemplos desse tipo de planalto (dentro do nº7 no mapa anterior).

Depressões

Nos limites das bacias sedimentares com os maciços antigos, processos erosivos formaram áreas rebaixadas, principalmente na era Cenozóica (8,5 milhões de anos), e dividem-se em periféricas (região de contato entre estrutura cristalina e sedimentar, como a Sul-Rio-Grandense – nº22 no mapa anterior de Ross), marginais (bordas das bacias sedimentares, como a Sul-Amazônica – nº13 no mapa anterior de Ross) e interplanálticas (mais baixas que os planaltos circundantes, como a Sertaneja e do São Francisco – nº19 no mapa anterior de Ross).

Planícies

Porção menor do território na classificação do professor Ross. Dividem-se em costeiras (no litoral – nº28 no mapa anterior de Ross) e continentais (interior do continente como a planície do Pantanal – nº26 no mapa de Ross).

Observe os três perfis de pedra na figura abaixo e cruze as informações com o mapa anterior do relevo brasileiro (hipsometria/altitudes).

Fonte: Guia do Estudante: geografia. Terra (velha) à vista! São Paulo: Abril, 2009, p. 31.

Referências:

ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. 4ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2004.

ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de. RIGOLIN, Tércio Barbosa. Geografia. São Paulo: Ática, 2003.

Guia do Estudante. Geografia. São Paulo: Abril, 2009.

MORAES, Paulo Roberto. Geografia geral e do Brasil. 2.ed. São Paulo: Harbra, 2003.

ROSS, Jurandyr L. Sanches. Geografia do Brasil. 5.ed. rev. e ampl. São Paulo: EDUSP, 2005.

TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia do Brasil. São Paulo: Moderna, 2009.

36 thoughts on “Relevo Brasileiro”

  1. Parabéns pelo blog, professor! Muito informativo. Gostaria , se você pudesse, que elencasse as principais serras do Brasil com as suas respectivas localizações, como Serra do Mar, Serra da Mantiqueira, do Espinhaço, etc.

  2. Olá Marcos,
    Gostaria de lhe agradecer a resposta que deu à minha pergunta, ajudou muito na apresentação de um seminário. Hoje peço a você referencias que possam me ajudar na pesquisas sobre voçorocas, estou lendo alguns livros de Geomorfologia de Sandra Batista Cunha e Antonio Texera Guerra. Gostaria muito de conhecer o que outros autores dizem sobre este assunto afim de complementar minha pesquisa.
    Desde já agradeço.

    1. Por nada Aline! É um prazer ajudar. Quanto aos autores os que você cita são os que têm publicado bastante (olha em alguns livros que eles são organizadores, pois existem vários artigos de outros autores). Sobre o assunto também gosto do Antonio Vitte e Jurandir Ross, além dos escritos do mestre Aziz Ab S’Aber.

  3. olá professor, estou me preparando para o vestibular de direito, e preciso ser fera em geografia, por isso gostaria que o senhor me informasse como ocorre a neblina tbm chamada de cerração,
    muito obrigada.

    1. Cristina,
      Neblina se forma quando há nuvens muito baixas que condensam o vapor d´água perto do solo diminuindo a visibilidade. Cerração é quando a neblina é mais intensa reduzindo a visibilidade a menos de 500 metros de distância.

  4. Boa noite professor Marcos, gostaria que me esclarecesse uma dúvida:qual a diferença entre forma e estrutura? Me formei recentemente e já consegui trabalho. Por isso gostaria entender melhor para passar para meus alunos do 1ºano do ensino médio. Obrigada!!

    1. Olá Eliana,
      Conforme o prof. Jurandyr Ross, a estrutura é o que sustenta a forma, portanto, forma é o que está aparente e o que compõe os conceitos do relevo e estrutura é a base rochosa de sustentação. Ex: no território brasileiro, as estruturas e as formações litológicas são antigas (compostas por rochas pré-cambrianas), mas as formas do relevo são recentes (produzidas por desgastes erosivos que sempre ocorreram e continuam ocorrendo, e com isso estão permanentemente sendo reafeiçoadas).
      Espero ter ajudado e boa aula com seus alunos!

      Fonte: ROSS, Jurandyr Luciano Sanches. Os fundamentos da geografia da natureza. In: ROSS, Jurandyr Luciano Sanches (org.). Geografia do Brasil. 5.ed. São Paulo: EDUSP, 2005, p. 45.

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