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O filme mostra a fuga de sete prisioneiros do Gulag soviético situado na cidade de Ulst-Kut na Sibéria. A fuga se encerra em território indiano – país que apesar de ter lutado ao lado dos britânicos na Segunda Guerra (1939/1945), por ter sido colônia britânica até depois da guerra, exerceu contraditória neutralidade anos depois da sua independência, em agosto de 1947, no interior do Movimento dos Países Não-Alinhados*. Os fugitivos atravessaram andando aproximadamente 6.500km de um território inóspito e marcado pela fome, pelo frio e por locais com falta de ocupação humana peculiares à Sibéria, ao deserto de Gobi na Mongólia e à Cordilheira do Himalaia no Tibete, além de cruzar países que, em 1940, politicamente seguiam o socialismo soviético (caso da Mongólia) ou estavam em instabilidade de guerra interna e luta externa contra o Japão (caso da China) ao lado dos aliados.
*O neutralismo do governo de Nehru – 1947/1964 – foi ativo na liderança da Índia no interior do Movimento dos países Não-Alinhados, mas se mostrava como um movimento contraditório, pois havia o colaboracionismo da Índia com a URSS. O citado movimento se configurou na década de 1950 a partir da Carta de Bandung, que inaugurou um movimento chamado Terceiro Mundismo. Para entender melhor leia post que explica o Terceiro Mundismo aqui.
Gulag – Prisão muito parecida com a desumanidade dos campos de concentração nazista. Inaugurada à época do governo Lenin (1917-1924), passou pelo governo Stalin (1924-1953) e durou até 1956, no governo de Nikita Krushev. Servia como instrumento da ditadura de Lenin e Stalin contra qualquer pessoa que se opusesse ao regime socialista soviético, por mais banal que fosse a acusação. Milhões de pessoas foram presas, torturadas, obrigadas a trabalhos excessivos e passaram fome e frio. As prisões estendiam-se pela Sibéria e Ucrânia e prendiam também pessoas que cometiam outros delitos (roubo, estupro, vadiagem etc).
Veja abaixo trailer do filme…
Leia e observe o mapa abaixo a distância percorrida – se preferir mapeie o parágrafo abaixo no Atlas
Mapeando a geografia do filme The Way Back (Caminho da Liberdade, 2010), da prisão em Ulst-Kut os protagonistas fogem em direção sul para o lago Baikal e chegam até lá ao atravessar os montes de mesmo nome com altitudes entre 1.000 e 2.000 metros, além de temperaturas da aurora boreal que chegam a 40 graus negativos. Ao sul do Lago Baikal chegam à fronteira da Mongólia e atravessam todo o planalto de mesmo nome do país (altitudes em torno de 1.000 metros) e também o deserto de Gobi, passando ao território chinês bem perto do final da muralha da China (altura da província de Gansu). Andaram ainda para atravessar toda a província chinesa de Qinghai, chegando ao Himalaia pelas montanhas de Nan Shan (entre 4 e 6 mil metros) até chegar ao Tibete* e sua capital Lhasa. Daí foram encaminhados para a Índia. Provavelmente entraram na fronteira indiana que fica entre Butão a oeste e Mianmar a leste.
Atravessaram 4 tipos climáticos: polar, frio de montanha, temperado e tropical; e 5 tipos de vegetação: taiga (floresta de coníferas), vegetação herbácea de transição, vegetação herbácea de montanha, deserto e savana indiana.
*O Tibete, antes de 1949, era independente. Só em 1950, depois da revolução comunista de Mao Tse Tung (1949), foi anexado ao regime comunista chinês que, por sua vez, se tornou aliado do regime stalinista soviético. A China, durante a II Guerra, lutava contra a invasão japonesa (para essa luta, internamente, houve uma trégua entre o Partido Nacionalista e o Partido Comunista, que disputavam uma guerra civil pela tomada de poder).
A linha vermelha do norte em direção ao sul mostra caminho percorrido pelos fugitivos, que foi descrito no texto.
Olá! Estava pesquisando no google para ver o trajeto feito pelos fugitivos e achei seu blog.
E encontrei também questionamentos sobre a veracidade da travessia como descritos no filme.
Você acha que pode não ser possivel fazer uma travessia daquelas, com o clima e as altitudes que eles suportaram como você respondeu a um comentário? Sem contar a escasses de alimento e água claro.
Parabéns pelo blog. Abraço!
Obrigado pelo elogio ao blog!
Quanto ao caminho percorrido, o filme teve como base a abordagem do polonês Slavomir Rawicz, descrita no livro Caminho da Liberdade e lá ele informa que essa ‘saga’ durou 1 ano. Portanto, é difícil, mas possível segundo os sobreviventes.
obrigado pela resposta
Oi marcos parabéns pela pesquisa assisti esse filme e 7 anos no tibet e fiquei impressionado com os acidentes geográficos com paisagens deslumbrantes. Vc acredita que hj poderiamos fazer esse trajeto nessas regiões ou elas continuam em conflitos internos. Será que alguém já refez essa viajem tanto do primeiro como caminho da liberdade como em 7 anos no tibet
abracos
Obrigado Omar!
As regiões que os fugitivos passaram não está em conflito e o território mais fechado politicamente é a China. Que eu saiba ninguém fez essa viagem novamente pela obrigação de passagem em locais bastante inóspitos. Quanto ao filme 7 anos no Tibet tem um bom tempo que assisti (acho que se passa em Lhasa, capital do Tibet), mas o território tibetano desde a revolução tocada por Mao Tsé Tung é de domínio chinês.
Abraço,
Eu sou aluno do terceiro ano do ensino médio, assisti ao filme dia 5 de março de 2012 e no dia seguinte recomendei a minha prof. de geografia, porque retrata justo o que estamos estudando que é a Segunda Guerra e a divisão de países pelos regimes capitalistas e socialistas e neste mesmo dia, 6 de março, li este documentário poque estava procurando o mapa do caminho percorrido pelos personagens do filme e fiquei super impressionado pela clareza com que vocês explicam tudo, os países que eles passaram e clima que enfrentaram até sua chegada a Índia, por isso meus sinceros parabéns pelo blog pelo trabalho e que continue assim porque à partir de hoje vocês ganharam mais um admirador, meus parabéns!
Muitíssimo obrigado Eduardo e pode aproveitar a vontade os demais textos!
Olá Marcos. Assistí o filme “Caminho da Liberdade”, hoje no fim da tarde…Estava chovendo aqui em Florianópolis, SC…E só me restava assistir um bom filme. Caminho da Liberdade, já haviam me recomendado, visto de minha apreciação e admiração por geografia. Como o colega André Santos, sempre que assisto algum filme, ou documentário com esse perfil, sempre busco na net mais informações…Parabéns por seu blog, bem completo e aplicado ao ensino…E quando tem algum “erro” de situação social ou política na cronologia…vejo que tens alguns colaboradores que de urgência, corrigem, para que nada se perca e sua pesquisa fique mais completa, auxilando a população estudante…Continue assim, virei um de seus admiradores….Sucesso e felicidades.
Obrigado de verdade Marco Aurélio! Acho que a diferença aqui quem faz é o leitor, pois tenho em todos eles colaboradores para os assuntos postados. São muitos assuntos e não tenho condição de sozinho saber tudo e acompanhar cada atualização de conteúdo, por isso agradeço a cada comentário e sugestão.
A minha ideia é que esse sítio contagie cada vez mais jovens estudantes, para que uma informação de qualidade e senso crítico chegue para todos, e não só para quem pode pagar uma escola particular.
Tenho a convicção que todas as pessoas têm um papel social e o meu é esse. Sou professor na acepção do termo e a parte que me cabe é formar jovens cada vez mais justos.
Obrigado mais uma vez, pois comentários como o seu alimentam nosso sonho e parafraseando o grande Raul Seixas, “um sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade…”
Felicidades e sucesso para você também!